sábado, 20 de janeiro de 2018

Na Tela: Me Chame Pelo Seu Nome

Timothée e Armie: amor em paisagens de cartão postal. 

Quando Call me by Your Name foi exibido no Festival de Sundance no ano passado, logo se tornou uma unanimidade. Depois de aclamação também no Festival de Berlim, era hora de seus produtores (incluindo o brasileiro Rodrigo Teixeira que se internacionaliza cada vez mais) começarem a pensar na estratégia de lançamento que o colocaria como um dos pesos pesados das premiações. Sendo exibido em vários outros festivais ao longo de 2017, o filme cresceu entre comentários positivos até chegar em grande circuito e se tornou o primeiro grande favorito ao Oscar ao chegar por aqui em 2018. Ambientado no norte da Itália de 1983, Me Chame Pelo seu Nome conta a história do encontro de Elio (Thimothée Chalamet) e Oliver (Armie Hammer). Oliver é um estudante americano que foi para a Itália estudar sob os cuidados do professor Perlman (Michael Stuhlbarg). Hospedado na casa dele, Oliver chama a atenção de todos que estão em sua volta, não apenas por sua aparência, mas também pelo seu jeito desencanado. Aquela proximidade aos poucos seduz Elio, que aos dezessete anos está realizando suas próprias descobertas. Ainda que tenha uma namorada local, o rapaz sente-se cada vez mais atraído pelo visitante e começa a demonstrar para Oliver suas intenções num misto de atração, hesitação e curiosidade. O que há de mais envolvente no filme é a forma como o diretor conduz lentamente este estreitamento entre os dois personagens, que lentamento se percebem apaixonados um pelo outro. Até lá, o que se vê é um conjunto de situações de aproximação compostas pelo cineasta amparado por um roteiro sensível escrito pelo sumido James Ivory. Ajuda muito neste trabalho de construção a forma como o italiano Luca Guadagnino casa com perfeição a ambientação com a história que tem para contar. Com paisagens que parecem pinturas, Me Chame Pelo Seu Nome é de um cuidado estético que faz tempo não aparece numa tela de cinema (mesmo as cores das roupas parecem estar ali para se encaixarem com perfeição em cada cena). A trilha sonora também merece destaque (sobretudo as canções de Sufjan Stevens, que estão cotadas para o Oscar) por pontuarem momentos importantes da relação entre os dois personagens. Cabe ressaltar o desempenho de todos em cena, sobretudo três atores, um deles é Armie Hammer, que faz tempo que realiza trabalhos interessantes, mas que padece de um pé-frio para bilheterias que rendem piadas na imprensa a cada produção que participa. Triste que a (baixa) arrecadação de seus filmes tenha sido considerada padrão de sucesso para sua carreira, mas espero que sua solar atuação como Oliver lhe renda a atenção que merece e propostas de novos trabalhos interessantes. O que Hammer faz aqui só se compara ao que vi Jude Law fazer em O Talentoso Ripley/1999, já que ele compõe um sujeito irresistível - e que também não sabe o que fazer com o efeito deste magnetismo sobre as pessoas. Já o novato Timothée Chalamet foi considerado a revelação do ano com um papel complicado, onde precisava dar conta de não apenas construir a identidade do personagem no decorrer da história de forma coerente, como precisou falar diversos idiomas e, aos vinte um anos, se passar por um adolescente de dezessete de forma convincente. Gradativamente a intensidade entre Elio e Oliver impressiona e surpreende - inclusive na dolorosa cena final. Também não posso esquecer de  Michael Stuhlbarg que faz tempo que mostra-se um bom ator e tem uma cena belíssima ao lado de Thimothée perto do desfecho da história. Me Chame Pelo seu Nome é um filme diferente sobretudo pela junção de diversos acertos, do elenco, das locações, da fotografia inebriante, da direção que parece deixar a história contar por si só (e por isso mesmo deve ter sido bem trabalhosa) e aquele sentimento inconfundível provocado pelo primeiro grande amor (seja homo ou hetero). São estes fatores que o colocam entre um dos melhores filmes da temporada, com ou sem as indicações ao Oscar.

Me Chame Pelo seu Nome (Call me by Your Name/Itália-França-EUA-Brasil/2017) de Luca Guadagnino com Timothée Chalamet, Armie Hammer, Michael Stuhlbarg, Amira Casar e Esther Gareel. ☻☻☻☻

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