domingo, 31 de dezembro de 2017

MELHORES DO CINEMA - 2017

Para me despedir de 2017 escolhi os meus favoritos do ano que termina. Foi um bom ano para o cinema, com vários filmes interessantes e que deram o que falar por vários motivos... Lembrando que utilizo como critério os filmes que entraram em cartaz entre o final de dezembro de 2016 e o final de 2017,  os meus melhores do ano foram: 

 ELENC✪ 
Num ano de interpretações marcantes, foi o elenco de Moonlight que mais ficou na minha memória. Misturando artistas conhecidos com novatos, o diretor Barry Jenkins conseguiu interpretações inesquecíveis de todos nos três tempos que compõem a narrativa. A sintonia entre os atores foi muito importante na história do menino que cresce à procura do amor num mundo agressivo, de cores fortes, mas com toques de inacreditável poesia. Boas interpretações fizeram a diferença também em Blade Runner2049, Manchester à Beira-Mar,  Estrelas Além do Tempo,  Okja, e Um Homem Chamado Ove

REVELAÇÃ✪ DO ANO
Quem o assiste Lewis MacDougall como o melancólico menino que faz amizade com um monstro em Sete Minutos Depois da Meia-Noite pensa que é um veterano em corpo de menino! Espero que o menino apareça em muitos filmes daqui para a frente. 2017 foi um ano cheio de novos talentos interessantes, da complexidade introspectiva de Harris Dickinson (Ratos de Praia), a estreia no cinema da (também cantora) Janelle Monáe (que fez sucesso com Estrelas Além do Tempo e Moonlight), a simpatia de Alex Sharp (ótimo em O Mínimo para Viver e está no novo filme de John Cameron Mitchell, Como Falar com Garotas em Festas) , a versatilidade da francesa Doria Tillier (que avança por décadas em Monsieur e Madame Adelman) e a presença imponente de Trevante Rhodes (fechando muito bem o último ato de Moonlight).

ATRIZ C✪ADJUVANTE
Faz tempo que acompanho a carreira de Naomie Harris, mas confesso que a atriz inglesa nunca chegou a me empolgar em cena. Ela sempre me parecia abaixo das expectativas, mas o que ela faz em Moonlight é coisa de outro mundo! Dando conta de ser a única atriz que aparece nas três fases distintas da história, ela constrói uma personagem com princípio, meio e fim (?)  e em cada momento ressalta uma emoção diferente num trabalho brilhante diante da câmera. Simplesmente sensacional! Outros trabalhos que curti no ano foram da maternal Felicity Jones (Sete Minutos Depois da Meia-Noite), Naomie Ackie (como o lado mais frágil nos jogos de poder de Lady Macbeth), Kirsten Dunst (roubando a cena em O Estranho que Amamos), a pouco conhecida Hayley Squires (Eu, Daniel Blake) e a diva Viola Davis (Um Limite Entre Nós).

AT✪R COADJUVANTE
Sei que ele não aparecerá nas grandes premiações, mas dificilmente quem assistiu Una esquece do trabalho magistral deste australiano que ainda é pouco conhecido. Ben Mandelsohn caiu no meu radar com Reino Animal/2010 e apareceu nesta mesma categoria tempos atrás. Desde então ele apareceu em várias produções do cinema americano. O fato é que Mendelsohn neste ano deu conta de um papel complicadíssimo, conseguindo ser sedutor, doentio, covarde e monstruoso. Vale a pena vê-lo devorar um personagem perigoso com um apetite fascinante. Lhe fazem companhia entre os melhores atores coajuvantes do ano dois atores do tenso Animais Noturnos (Michael Shannon e Jake Gyllenhaal), dois talentos de Moonlight (André Holland e Mahershala Ali), além de Alex Brendemühl que rouba a cena do galã de Um Instante de Amor

ROTEIR
Um roteiro é a alma de um filme. Um bom diretor pode até fazer um bom filme com um roteiro que não é lá grandes coisas, mas para estragar um filme com roteiro bem escrito exige um esforço descomunal! Moonlight é o meu texto favorito do ano. Adaptado de uma peça para a telona (com grande sensibilidade por Barry Jenkins) o roteiro é um verdadeiro primor! Outros trabalhos interessantes foram vistos na lapidação literária de Manchester à Beira-Mar, no tom de fantasia real de Okja, o estilo inconfundível de Mulheres do Século XX, na trajetória de Um Homem Chamado Ove e o corajoso  resgate do universo devidamente ampliado de Blade Runner 2049

MELHOR AT✪R
M. Night Shyamalan ressurgiu com o sucesso de Fragmentado, um suspense calcado principalmente num personagem com 23 personalidades. Não são muitos que dariam conta de um desafio deste tamanho como o escocês James McAvoy. Elogiado por seu trabalho com as nove identidades que aparecem no filme (as outras devem aparecer na continuação), o ator deve ser esquecido nas premiações novamente. Entre os favoritos do ano, Casey Affleck totalmente contido em  Manchester à Beira-Mar, Joel Edgerton que fez bonito em Loving, Ryan Gosling por Blade Runner 2049 e Peter Sarsgaard (outro constantemente esquecido) como o psicólogo social de O Experimento de Milgram. Quem está cotado para as premiações que se aproximam é (quem diria!) Robert Pattinson, que cresceu e apareceu em Bom Comportamento, numa atuação exemplar!

MELH✪R ATRIZ
Felizes são aqueles que já viram a atriz Ruth Negga em outros papéis. Acostumada a crescer em papéis que não lhe ofereciam muito para fazer, Ruth apresentou uma das atuações mais elogiadas do ano em Loving. Vivendo Mildred Loving no filme de Jeff Nichols, ela brilha em cada cena - e, por vezes, nem precisa fazer muito para comover como parte do casal perseguido por desobedecerem a lei que proibia casamentos inter-raciais na Virgínia na década de 1960. Outras atuações memoráveis do ano ficaram por conta de Jennifer Lawrence no controverso Mãe!, Marion Cotillard nos devaneios românticos de Um Instante de Amor, a ótima Taraji P. Henson na NASA de Estrelas Além do Tempo, Rebecca Hall como a repórter suicida Christine Chubbuck e... dá para acreditar que Florence Pugh de Lady Macbeth tem apenas 21 anos? Com dois filmes no currículo e tamanha intensidade, esta garota vai longe...

DIRET✪R
O canadense Denis Villeneuve provou ser um diretor de coragem ao realizar a sequência de Blade Runner 2049. A ideia tinha tudo para dar errado, mas o diretor sabia exatamente o que queria fazer para ampliar e enriquecer ainda mais o universo apresentado anteriormente no filme de 1982. Com imagens belíssimas, novos conflitos, efeitos especiais, trilha sonora perfeita e ritmo contemplativo o filme não fez o sucesso esperado, mas se tornou um marco na ficção científica. Não fosse por ele, Barry Jenkins seria o meu escolhido do ano pelo belíssimo trabalho em Moonlight. Outros que se destacaram por seus trabalhos foram Darren Aronofsky pelas alegorias tão amadas quanto odiadas de Mãe!, David Lockery pela atmosfera única de A Ghost Story, Joon-Ho Bong que fez de Okja um filme tão fofo quanto assustador e o estreante William Oldroyd que surpreende com a direção de Lady Macbeth (e nos deixa curiosos sobre o que fará nos próximos anos). 

FILME DO AN
Lembro quando vi Blade Runner 2049 no cinema e me perguntaram o que eu achei...  não hesitei em dizer que era o melhor que eu tinha visto no ano! Vi o filme novamente uma semana depois e gostei mais ainda. Para quem é fã do clássico de Ridley Scott lançado em 1982 calcado na obra de Phillip K. Dick. A tardia continuação se torna ainda melhor ao honrar a obra original e ampliar tudo o que vimos no filme anterior. 2049 traz algumas das melhores cenas que vi no cinema nos últimos anos e nem importa que não fez a bilheteria que esperavam (nem o primeiro filme fez e se tornou um clássico cult com o tempo)! Os outros nove já foram citados anteriormente aqui no blog anteriormente. Como esquecer o ritmo de Baby Driver, a fantasia de Sete Minutos Depois da Meia-Noite, a poesia áspera de Moonlight, o humor negro de Um Homem Chamado Ove, o amor incompreendido de Loving, as emoções ambivalente de Okja, o estilo de Mulheres do Século XX, a economia precisa de Lady Macbeth ou as reflexões de O Experimento de Milgram. em tempos tão estranhos? Estes foram os dez filmes que fizeram a diferença no meu ano cinematográfico de 2017. E quais foram os seus?

Feliz Ano Novo!
Que 2018 traga bons filmes para todos nós! 

Um comentário:

  1. Obrigado pelo post muito bons filmes. Esta é uma história extraordinária, por isso quando soube que estrearia filme Sete minutos Depois da Meia Noite soube que devia vê-la. Parece surpreendente que esta história tenha sido real, considero que outro fator que fez deste um grande filme foi a atuação do Lewis MacDougall, seu talento é impressionante.

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