segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Na Tela: Terra Selvagem

Jeremy e Elizabeth: ótimas atuações. 

Taylor Sheridan começou a carreira como ator em programas de televisão (você deve lembrar dele na série Sons of Anarchy) e engatou uma bem sucedida carreira como roteirista com o elogiado Sicario (2015) de Denis Villeneuve. Neste ano, Taylor foi lembrado no Oscar de Roteiro Original pelo seu belo trabalho em A Qualquer Custo (2016), filme que vira do avesso as convenções do faroeste para a plateia do século XXI. Sheridan ficou tão animado com os rumos de sua carreira que resolveu dirigir seu primeiro filme autoral (vale lembrar que ele dirigiu o terror Vile/2011, mas foi um típico trabalho encomendado para um estúdio, bem longe do seu estilo atual). Terra Selvagem recebeu o prêmio da mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes, além de vários elogios ao estrear nos Estados Unidos, chegando a ser cotado para o Oscar2018. A trama aborda as investigações em torno do assassinato de uma jovem nativa americana no estado de Wyoming, mais precisamente nas proximidades do Rio Wind, famoso por atravessar uma reserva indígena da região. Ao encontrarem o corpo descalço na neve, as autoridades locais suspeitam que seja um caso de estupro seguido de morte. Começa então a investigação que se torna uma questão pessoal para o guarda florestal Cory Lambert (Jeremy Renner), que passa a ajudar uma novata agente do FBI, Jane Banner (Elizabeth Olsen) a desvendar o caso. Mais uma vez Sheridan vira do avesso as convenções de um gênero, não fazendo questão de emular suspense sobre quem foi o agressor, ou embaralhar as investigações, preferindo seguir pontos específicos demarcados por suspeitas que aparecem desde o início - e ainda assim, descobrir o que aconteceu pode ser surpreendente. O maior interesse de Sheridan é na construção dos personagens, especialmente de Cory que é assombrado por uma tragédia familiar do passado e rende o melhor momento de Renner em muito tempo. Já Elizabeth Olsen tem a tarefa de ser o alter-ego da plateia naquela terra desconhecida, com suas peculiaridades e um volume de testosterona bastante elevado - realmente não é por acaso o fato do filme contar um agente do FBI do sexo feminino e jovem, melhor ainda é perceber que a atriz dá conta de mais uma forte personagem feminina com desenvoltura. Outro destaque do elenco é Jon Bernthal,  que desfaz em poucos segundos qualquer imagem que você possa ter construído do personagem antes dele aparecer na história.  Sheridan desenvolve o filme sem pressa, aproveitando a sensação melancólica das paisagens cobertas de neve e usa um discreto verniz de como a natureza pode ser ameaçadora. É verdade que lhe falta um pouco de traquejo na direção, especialmente em guiar o processo de edição, mas ele tem bastante segurança em lidar com algumas cenas bastante complicadas, especialmente aquelas em que conta com a dinâmica entre vários atores para construir tensão. Ao final da sessão tudo fica mais doloroso quando descobrimos que todo ano, dezenas de jovens nativo- americanas desaparecem sem deixar vestígios nas reservas americanas. São estes desaparecimentos que fazem de Terra Selvagem um filme inspirado em fatos reais - e ainda mais assustador. 

Terra Selvagem (Wind River / Reino Unido - Canadá - EUA / 2017) de Taylor Sheridan com Jeremy Renner, Elizabeth Olsen, Grahan Greene, Joe Bernthal, Gil Birmingham e Julia Jones. ☻☻☻☻

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