domingo, 27 de agosto de 2017

Na Tela: Death Note

Wolff e Ryuk: do japão para a Netflix. 

A Netflix se meteu em uma grande polêmica quando resolveu fazer a versão americana do cultuado Death Note. Afinal, existe um verdadeiro culto em torno da obra de Tsugumi Oba e Takeshi Obata, que deu origem a um mangá com 12 volumes lançados entre 2003 e 2006. A obra se tornou tão popular que rendeu uma anime de 37 episódios para a TV japonesa - que alavancou ainda mais o sucesso da história. Se você levar em consideração que os mangás venderam mais de 30 milhões de exemplares ao redor do mundo inspirando games e filmes no Japão, você entenderá porque os estúdios estavam de olho na marca. No entanto, adaptar a obra para Hollywood levantou tanta discussão que a Warner acabou desistindo da empreitada - deixando espaço para que a empresa de streaming comprasse os direitos e começasse a produção. Tão logo fosse escalado Nat Wolff para protagonista os protestos sobre whitewashing começaram. Acho um verdadeiro vespeiro embarcar nessas causas do século XXI, mas vamos ao filme. Como sou um espectador novato no que se refere a Death Note vou analisar o filme com seus méritos e defeitos sem fazer comparações com as outras mídias em que já apareceu. A trama é sobre Light (Wolff), um adolescente fracote que recebe um caderno incomum de presente. Existe uma série de regras para usar o caderno, mas a que mais chama atenção é que ao escrever o nome de alguém ali, a pessoa morre - e você pode até escolher a forma como a morte ocorrerá. O livro é guardado por Ryuk (voz e expressões de Willem Dafoe) uma espécie de demônio, responsável por zelar pelo caderno, escolher seus donos e cometer os assassinatos ali estipulados. Embora Light tente fazer justiça através do livro, sob o nome de Kira, ele mata todo tipo de pessoa que se enquadre no papel de vilão nos noticiários. No entanto, acaba chamando atenção de um detetive misterioso (Lakeith Stanfield), que tenta juntar as peças sobre o justiceiro misterioso que ninguém faz ideia de quem seja. Ajudam a complicar a busca o fato do pai de Light ser um policial (Shea Whigham) e a namorada de Light (Margaret Qualley) adorar a ideia de possuir aquele poder nas mãos. Esse ponto de partida de inúmeras possibilidades se encaixaria perfeitamente para criar um suspense de horror envolvente se... o diretor Adam Wingard (do recente O Hóspede/2014) não fosse tão irregular em suas travessuras. Ele adora inserir um tom cômico que jorra feito os miolos das vítimas de Kira, se a ideia era aliviar a tensão ele exagera na dose, fazendo com que tudo seja tão exagerado que dificilmente alguém levará um susto ao ver o filme - e isso fica bem claro na primeira aparição de Ryuk, onde Natt Wolff está afetadamente descontrolado.  Apesar de ser um ator em ascensão, Wolff ainda não me disse a que veio, ora me parece sempre com a mesma cara ora ensaiado demais. O que consegue segurar as pontas é o talento de Willem Dafoe que emana a cada risada ou frase de seu demônio incorporado com muita diversão. Como filme da Netflix Death Note é eficiente como passatempo, mas não justifica uma série de filmes como era aguardado. Irregular, o filme deixa um gostinho de decepção até para quem não conhecia o mangá. 

Death Note (EUA-2017) de Adam Wingard com Nat Wolff, Willem Dafoe, Margaret Qualley, Lakeith Stanfield e Shea Whigham. 

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