terça-feira, 4 de julho de 2017

FILMED+: Okja

Okja e Mika: a menina e o porquinho do século XXI. 

Okja, antes mesmo de estrear, se envolveu em polêmicas infinitas, não por conta de seus méritos, mas por ter sido um dos filmes escolhidos para concorrer à Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano. Muitos criticaram por conta do filme ser produzido para a Netflix e não para sala de cinema. Nesse contexto a Netflix pareceu o vilão da história por não demonstrar interesse de lançar o filme em salas de exibição - mas se bem me lembro a empresa teve sérios problemas com o lançamento de Beasts of no Nation/2015 no cinemas (e a política de boa vizinhança não ajudou em nada, já que viu seu filme ser esnobado no Oscar de ver a colossal atuação de Idris Elba sequer ser indicada). Por outro lado, o diretor Joon Ho-Bong viu seu excelente Expresso do Amanhã/2014 ser visto por meia dúzia de gatos pingados ao ser lançado nos EUA e ser totalmente desprezado nas premiações. Agora você imagina um diretor coreano cheio de boas ideias com um projeto original e ambicioso embaixo do braço (e que os produtores achavam diferente demais para bancar e satisfazer o público "carente" de continuações, reboots e remakes) e Netflix topando a empreitada, sendo alvo de críticas no maior festival de cinema do mundo. Foi isso mesmo? Obviamente que Okja é um filmão que visto no cinema impressiona ainda mais, pena que se viu no meio de uma guerra onde o que menos importava eram as qualidades do filme e dos envolvidos. Qualidades Okja tem de sobra! Ótimas atuações, efeitos visuais bem cuidados, roteiro bem amarradinho com doses de fantasia e crítica à indústria alimentícia. Não é pouca coisa para um mundo que se acostumou a pensar em filmes de entretenimento como sinônimo de explosões, mortes e tiros. Okja é o superporco de estimação de uma menina coreana (Seo-Hyun Ahn) cujo avô recebeu há dez anos a missão de cuidar do superporco pra participar de um concurso que escolheria o mais bem cuidado de todos. Por trás dessa premissa aparentemente inofensiva se esconde alguns segredos, já que até então ninguém sabia da existência da espécie chilena de porcos robustos capazes de produzir carne saborosa a baixo custo. Isso mesmo, Ojka, assim como os outros de sua espécie foram descobertos pelo conglomerado Mirando para ajudar o mundo a sanar a fome mundial... ou pelo menos é isso que a campanha de marketing agressiva propaga. Capitaneada pela misteriosa Lucy Mirando (Tilda Swinton), que vive sob o fantasma do pai sombrio e da irmã gêmea sinistra (a Nancy Mirando, também vivida por Tilda), a empresa tenta mascarar os interesses empresariais, a experiência com transgênicos e os maus tratos aos animais na criação e processo de massacre produção. Joon Ho-Bong já demonstrava habilidade na direção de uma narrativa impactante e repleta de analogias em seu filme anterior, mas aqui ele acrescenta doses fartas de fofura! Ainda que Tilda Swinton e Jake Gyllenhaal (que interpreta um grotesco apresentador abobalhado) estejam ótimos em cena (remetendo aos exageros dos personagens de animes) é a relação entre a menina e seu querido superporco que se torna o laço mais forte do filme com a plateia (e talvez por isso o roteiro trate os demais personagens como acessórios). Okja é um filme para todas as idades, diverte, comove e faz pensar enquanto nos deslumbra com um visual muito bem cuidado. 

Okja (Coreia do Sul/EUA - 2017) de Joon Ho-Bong com Tilda Swinton, Seo-Hyun Ahn, Jake Gyllenhaal, Paul Dano, Lilly Collins e Steven Yeun. ☻☻☻☻☻

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