domingo, 18 de junho de 2017

CICLO DIVERSIDADESXL: Weekend

Tom e Chris: romance de fim de semana. 

Ano passado o diretor Andrew Haigh entrou no radar do Oscar com Charlotte Rampling indicada ao prêmio de melhor atriz por 45 Anos (2015). No filme, um casal enfrenta uma crise no casamento  (por conta de um relacionamento passado) quando está prestes a realizar uma festa pelos vários anos de união. Tão sutil quanto avassalador eu ainda considero que em nas primeiras versões do roteiro, Haigh havia pensado em contar uma história com personagens homossexuais (seja tendo o casal protagonista do mesmo sexo ou tendo como pivô da crise um homem). O motivo para essa desconfiança é que Haigh não apenas ficou conhecido como o criador da série Looking (2014-2015) da HBO, mas por ter estreado na direção com este filme de orçamento baixíssimo (120 mil libras) e olhar bastante intimista sobre o relacionamento entre dois rapazes que se envolvem durante um final de semana. Weekend se tornou cult ao contar história de Russell (Tom Cullen), um rapaz que deixa de participar de uma festa na casa dos amigos para ir a um bar e descola uma companhia para a noite. Ele acaba conhecendo Glenn (Chris New) e após a noite, o sexo sem compromisso gera um envolvimento que não estava nos planos de nenhum dos dois. O discreto Russell se incomoda com algumas posturas do recém conhecido, especialmente com o "projeto" de filmar entrevistas com os parceiros sexuais que cruzam seu caminho e o despudor de revelar sua sexualidade mundo. O que era para ser uma noite, se torna alguns dias na companhia um do outro e se Russell e Glenn se mostram bem diferentes no início, existe uma sintonia quase complementar entre os dois - em que a plateia pode perceber que existia combustível para uma relação mais duradoura do que o prazo para terminar sugere. Durante o fim de semana eles se conhecem um pouco melhor, tem alguns atritos, fazem sexo, consomem drogas e o diretor imprime uma direção que parece nem existir, como se a câmera fosse tão intrusa na vida dos dois quanto o espectador que assiste aquele recorte na vida de duas pessoas - que em alguns momentos até esquecemos ser personagens. Por vezes Russell e Glenn parecem dois lados opostos de de uma mesma pessoa, seja por conta da forma como vivenciam suas posturas diante do sexo e da vida  - e gravar seus parceiros casuais não seria uma forma de se lembrar deles por mais tempo? Com sensibilidade, boa trilha sonora e referências cinematográficas variadas, o filme termina com aquela sensação de que algo mais poderia ter acontecido entre os dois, talvez por ainda acreditarmos que a impessoalidade nas relações é mais complicada do que parece, seja para héteros ou gays. 

Weekend (Reino Unido - 2011) de Andrew Haigh com Tom Cullen, Chris New, Jonathan Race e Laura Freeman. ☻☻☻

Nenhum comentário:

Postar um comentário