sábado, 27 de maio de 2017

PL►Y: O Salão de Jimmy

Simone e Barry: romance que não decola. 

O cineasta Ken Loach é famoso por fazer filmes engajados, suas temáticas sempre contém algum tema social demarcado com firmeza. O que diferencia o diretor da maioria de tantos outros que se aventuram por este tipo de postura é que o discurso de Loach nunca soa demagógico, oportunista ou artificial. Seu gosto por pessoas comuns em duras realidades já conquistou muitos fãs, que geralmente estranham quando ele se aventura por outros territórios  - a comédia A Parte dos Anjos/2012 ou o filme de (quase) ação Rota Irlandesa/2010. Quando voltou ao drama com O Salão de Jimmy e concorreu à Palma de Ouro em Cannes (ele é um dos favoritos do festival), seus fãs abraçaram o longa com bastante carinho - embora este seja um dos seus trabalhos menos contundentes. O filme é baseado na história real de Jimmy Gralton (vivido por Barry Ward), irlandês que ficou conhecido por ser o único homem já deportado de seu país após a independência. A história se passa no ano de 1932, quando Jimmy retorna ao interior da Irlanda após um período de exílio forçado nos Estados Unidos. Jimmy, ao lado de um grupo de amigos, havia construído um salão onde os moradores poderiam dançar e realizar cursos variados que fossem oferecidos, no entanto, autoridades locais nunca viram com bons olhos a influência da ideologia de Jimmy sobra as pessoas que se aproximam do estabelecimento. Jimmy é acusado de ser socialista e, por isso mesmo, é visto como uma ameaça para a população - especialmente pelo padre Shedidan (Jim Norton), que usará até suas missas para constranger e coibir qualquer pessoa que se aproxime do salão quando reaberto. O texto de Paul Laverty (parceiro costumeiro de Loach) demora para engrenar e não aprofunda algumas questões que poderiam tornar o filme muito mais rico e interessante. Afinal, fica a cargo dos conhecimentos prévios do espectador imaginar como Jimmy pode ser apresentado como um homem inofensivo e o padre torna-se a personificação do mal, da mesma forma, o romance proibido do protagonista com Oonagh (a interessante Simone Kirby) é pouco aproveitado (e quando vemos a triste cena de dança entre os dois temos a ideia de como longa teria outro nível se aproveitasse a interação entre os dois. Parece que a vontade de honrar a história de Jimmy fez o roteirista ficar com receio de aprofundar alguns pontos polêmicos de sua vida, o resultado é um filme cheio de boas intenções, mas que poderia ter muito mais do que isso. Essa sensação fica ainda mais forte com a atuação esforçada de Barry Ward, o ator parece inspirado, mas esperando aquele momento espetacular que nunca chega. Pelo menos, após o lançamento do filme houve uma campanha, com petição online, para que a ordem de deportação de Jimmy fosse anulada. Pelo menos o filme cumpre a sua função de contar uma história sobre opressão pouco conhecida. 

O Salão de Jimmy (Jimmy's Hall / Irlanda - Reino Unido - França) de Ken Loach com Barry Ward, Jim Norton, Simone Kirby, Karl Geary e Francis Magee. 

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