quinta-feira, 23 de junho de 2016

Na Tela: Rock em Cabul

Murray e os afegãos: humor pela metade. 

Barry Levinson começou a carreira como ator no início da década de 1970 e na década seguinte tornou-se cineasta. Durante os anos 1980 dirigiu filmes de gêneros diversos, chamando a atenção de público e crítica, seu auge aconteceu em 1989 quando recebeu o Oscar de Melhor Diretor por Rain Man, que ainda levou o Oscar de melhor filme, ator (Dustin Hoffman) e roteiro original. Ao longo da carreira, Levinson acumulou seis indicações ao prêmio da Academia (a última delas em 1995 por Bugsy) e desde então... sua carreira perdeu parte do encanto. No entanto, isso não impede que de vez em quando os holofotes voltem sobre alguns de seus filmes. Embora esteja longe de sua melhor forma, Rock em Cabul trouxe Levinson de volta à mídia por colocar Bill Murray levando música pop ao Afeganistão. Murray interpreta (do jeito de sempre) o empresário Richie Lanz, um sujeito que relembra seus dias de glória no mundo da música (e o roteiro é cheio de piadinhas com o mundo pop) enquanto explora talentos desconhecidos. Enquanto nutre sua conta bancária ao iludir aspirantes à estrelas da música, ele carrega sua assistente Ronnie (Zooey Deschannel) em espeluncas para cantar sucessos de cantoras esquecidas como Meredith Brooks (daquele hit "Bitch" de 1997... não lembra? Nem precisa!). Eis que ele recebe a ideia brilhante de fazer shows para as tropas americanas no Afeganistão e lá vai ele com Ronnie contrariada para Cabul. Logo após a chegada na cidade, uma série de acontecimentos irão mudar seus planos e ele irá se meter em uma polêmica num programa de TV por desafiar aspectos da cultura local. Embora promova o encontro de Lanz com alguns personagens curiosos interpretados por gente famosa (destaque para a prostituta vivida por Kate Hudson e o mercenário interpretado por Bruce Willis) e outros nem tanto (como o simpático motorista ou a cantora encontrada dentro de uma caverna), o filme padece de um ritmo bastante irregular, especialmente em sua segunda parte onde ninguém sabe muito bem o que fazer. Embora o elenco se esforce, o filme perde sua graça aos poucos, seja pelas ações do protagonista ou pela imagem de um Afeganistão cheio de conflitos abordados com grande superficialidade. O resultado pode até parecer simpático, mas deixa um sabor de decepção quando pensamos em todas as possibilidades que o roteiro desperdiça. O roteiro de Mitch Glazer (que já escreveu para Murray no sucesso Os Fantasmas Contra-Atacam/1988 e no especial A Very Murray Christmas/2015 do Netflix) pode até ser repleto de boas intenções, mas erra ao criar uma história que por pouco não fica perdida pelo meio do caminho. Curiosidade: o filme carrega o nome original de uma famosa música do The Clash que também foi título de um filme israelense de Yariv Horowitz exibido no Festival de Berlim em 2013!

Rock em Cabul (Rock the Casbah / EUA-2015) de Barry Levinson com Bill Murray, Bruce Willis, Kate Hudson, Zooey Deschannel, Leem Lubany, Arian Moyaed, Scott Caan e Danny McBride. ☻☻

Nenhum comentário:

Postar um comentário