quarta-feira, 25 de maio de 2016

Na Tela: Rua Cloverfield, 10

John, Mary e Goodman: meu salvador é um psicopata...

Produzido secretamente por JJ Abrams e sua produtora Bad Robot, Rua Cloverfield, 10 revela que JJ pensou numa franquia sobre filmes de suspense - inaugurada com Cloverfield: Monstro (2008). Embora os dois filmes sejam bastante diferentes, a ideia de uma grife no estilo "Além da Imaginação" mostra-se muito bem vinda. Se no longa de 2008 a destruição de Nova York era mostrada através das lentes conduzidas por um grupo de amigos, o novo filme investe num tom mais claustrofóbico e sugestivo. O filme conta a história de Michelle (Mary Elizabeth Winstead), que enfrenta problemas amorosos e resolve sair da casa do namorado. Enquanto ela dirige pela noite acontece um acidente e... ela acorda dentro de um quarto acorrentada à parede. A explicação para aquilo está na figura agressiva de Howard (John Goodman, excepcional), que aos poucos lhe explica o que aconteceu e os motivos para que ela permaneça naquele abrigo subterrâneo ao seu lado. Mas os dois não estão sozinhos, o vizinho de Howard, o simpático Emmett (o bom John Gallagher Jr.), praticamente impôs a sua presença no bunker, a contragosto do grandalhão. Com roteiro bem costurado, o filme consegue construir um suspense mais do que eficiente com a fórmula que tem em mãos (sujeitos isolados num ambiente que sugere tanto segurança quanto perigo), principalmente por conta do seu elenco. Se Winstead dá conta de construir uma mocinha esperta e Gallagher compõe uma espécie de conforto para ela, o maior destaque fica por conta de John Goodman que transforma a vida no abrigo num verdadeiro inferno, criando um personagem realmente ameaçador (mesmo quando está de bom humor). Desde as primeiras cenas fica clara a instabilidade de Howard, que só piora mediante o clima de paranoia que torna-se cada vez mais forte em sua mente. Por mais que ele argumente sobre os perigos  que estão do lado de fora, até o espectador fica em dúvida se é melhor ficar ali dentro com um sujeito tão desequilibrado - afinal, ele não espera apenas a gratidão dos seus companheiros, ele impõe a eles uma tirania que torna-se ainda mais insustentável diante da suspeita de que ele é um grande mentiroso.  Algumas pessoas poderão reclamar, mas gostei muito do último ato do filme, onde o filme muda de foco, mas intensifica ainda mais o terror que acompanhamos até ali (e o dilema que impõe à Michelle). Extremamente bem produzido e eficiente, Rua Cloverfield, 10 é a prova de que os diretores estão repensando o gênero, inserindo ideias onde a sanguinolência prevaleceu por um bom tempo. 

Rua Cloverfield, 10 (10 Cloverfield Lane/EUA-2016) de Dan Trachtenberg com Mary Elizabeth Winstead, John Goodman, Johan Gallagher Jr. e Suzanne Cryer. ☻☻☻

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