segunda-feira, 4 de abril de 2016

NaTela: A Ovelha Negra

Gummi (Sigurður Sigurjónsson) e sua ovelha: pendengas familiares e um segredo. 

Em cartaz nos cinemas brasileiros, o islandês A Ovelha Negra ganhou o prêmio na mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes e gerou uma curiosa entrevista onde o diretor Grímur Hákonarson, afirmou que em seu país existem mais ovelhas do que pessoas: são oitocentas mil ovelhas para trezentas e vinte mil pessoas. Ao que parece, na terra da cantora Björk, são as ovelhas os animais de estimação favoritos dos moradores. Tanto carinho pelos simpáticos animais fica latente durante o filme, onde um grupo de pastores cuidam das ovelhas com grande devoção, sendo até premiados por isso. Se por um lado existe grande carinho com os bichos, a trama gira em torno de dois irmãos que não se falam há quarenta anos: Gummi (o ótimo Sigurður Sigurjónsson) e Kiddi (Theodor Júlíusson). Os dois são vizinhos e dependem de um cão dedicado para que se comunicarem através de cartas levadas para lá e para cá. A relação entre os dois se torna pior quando Gummi desconfia que uma ovelha de seu irmão morreu por conta de uma doença letal para a espécie, a Scrapie (que afeta o sistema nervoso do bicho até causar infecção na medula e levar o animal à morte). Basta Gummi comentar a desconfiança com outros moradores que percebemos o pavor que sentem da doença - cujo o único remédio é sacrificar todos os rebanhos da região. A suspeita aumenta a pendenga familiar e muda o rumo da região gélida por um bom tempo, mas... melhor não contar. Grímur Hákonarson faz um filme simples muitíssimo bem realizado, utiliza ângulos bem trabalhados, conduz atuações competentes (até as ovelhas estão muito bem em cena). Fotografia e montagem merecem destaque por conseguir inserir o espectador naquele ambiente bucólico para se comover com o que vemos na tela. O mais interessante é como a história é conduzida num ritmo cômico (sem que seja uma comédia) demonstrando simpatia e um grande carinho pelos personagens - além de possuir um último ato tão bem filmado que já vale toda a sessão. A Ovelha Negra é um raro filme da Islândia (que lança cerca de seis filmes por ano) que chega aos nossos cinemas,  merecendo  ser reconhecido por contar uma história singela com uma precisão surpreendente. 

A Ovelha Negra (Hrútar/ Islândia - Noruega - Dinamarca - Polônia/2015) de Grímur Hákonarson, com Sigurður Sigurjónsson, Theodor Júlíusson e Jon Benonysson. ☻☻☻☻

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