terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Na Tela: Creed - Nascido para Lutar

Sly e Michael: treinando um discípulo. 

Esse ano promete ser o mais atípico na história recente do Oscar, para além de todas as polêmicas de #OscarSoWhite existe algo instaurado durante a temporada (não existe o grande favorito da noite, fazendo O Regresso, Spotlight e A Grande Aposta dividir o posto num empate técnico impressionante calcado nas premiações que precedem o prêmio da Academia). Outro fato curioso do Oscar que se aproxima é a possibilidade de vermos Sylvester Stallone levar para a casa o Oscar de coadjuvante, sei que parece uma daquelas coisas que anunciam que o fim do mundo está próximo, mas depois de vê-lo ganhar o Globo de Ouro e o Critic's Choice Awards é melhor se acostumar com a ideia, o fortão tem chances (o que ainda seria ótimo para uma premiação que tem cada vez mais dificuldade em ser atrativa ao público). Em Creed, Stallone vive o lutador Rocky Balboa pela sétima vez na telona e a história começa onde o deixamos no filme homônimo do personagem em 2006: ele aposentado, cuidando de  um restaurante, recuperando-se da morte da esposa e bem longe do tempos áureos de lutador de boxe. Mas o foco do filme não está sobre ele, mas sobre o jovem Adonis Johnson (Michael B. Jordan), filho bastardo do amigo falecido Apollo Creed (Carl Weathers, que aparece no uso de algumas cenas dos filmes anteriores). Filho de uma aventura extraconjugal de Apollo, Adonis teve uma infância complicada após a morte da mãe, vivendo em várias instituições correcionais, no entanto, ele compartilha com o pai mais do que o nome inspirado na mitologia grega: ele adora uma briga - só precisa canalizar sua fúria e energia para o esporte. Adonis é descoberto pela viúva de Apollo, Mary Anne (Phylicia Rashad) que o adota e não aprova quando o menino cresce e se interessa em seguir os passos do pai nos ringues. Longe de Mary Anne, Adonis procura trilhar seu próprio caminho e pede ajuda para Rocky treiná-lo, sendo nesse relacionamento que o filme se sustenta. É verdade que o filme inventa a velha história de não viver à sombra do pai, arranja uma namorada com doença degenerativa para o rapaz - e não é a única a sofrer de uma enfermidade - além de investir em alguns momentos temperamentais do jovem lutador, mas é quando Rocky educa seu discípulo que o filme cresce. O jovem diretor e roteirista Ryan Coogler tem como maior trunfo reverenciar a mitologia de Rocky, clássico personagem de Stallone apresentado 1976 num filme que, vale a pena lembrar, foi indicado a 10 Oscars, incluindo melhor ator (para Stallone) e levando três para casa (melhor filme, diretor e edição). Ver Stallone vivendo o personagem após quase quarenta anos é por si só emocionante, mas Coogler faz algo mais pelo personagem, aprofundando ainda mais sua dimensão humana, o tornando vulnerável às ações do tempo em sua trajetória, ao ponto de contemplar a proximidade da morte com uma serenidade desconcertante. Embora Michael B. Jordan esteja confortável em cena (o ator já trabalhou com Coogler anteriormente no aclamado Fruitvalle Station/2013), as maiores atenções acabam recaindo sobre o personagem de Stallone - que mesmo com todas as suas limitações, seja por motivos de saúde ou de botox, faz o que pode e não se sai mal,  afinal, trata-se de sua melhor atuação em muito tempo (e consegue fazer o que ele tentava fazer há décadas: mostrar que debaixo de toda aquela musculatura existe realmente um ator). Creed não é um filme perfeito (tem uns momentos bem cafonas como aquela cena das motos circulando Adonis), Sly não é o meu favorito ao Oscar da categoria... mas se ganhar, renderá um dos momentos mais emocionantes da noite, principalmente por ser uma homenagem aos seus serviços prestados em blockbusters há mais de três décadas.  

Creed - Nascido para Lutar (Creed/EUA-2015) de Ryan Coogler com Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson e Phylicia Rashad.

Um comentário:

  1. Parece incrível que 40 anos se passaram e continua a ser uma fonte de inspiração, filmes Rocky Balboa são divertidos e deixar uma mensagem, eu cresci com eles, tem um dos melhores discursos que eu vi, muito reconhecimento de tudo uma história de sucesso, ganhou, fala-aperfeiçoamento, o conhecimento de nós, os sonhos que podemos alcançar, acho que em Creed nascido para lutar filme completo o drama é bem dosado com uma história de amor que experiente muito bem ver o Sr. Stallone é a alma da sequela é uma jóia, eu estava à beira das lágrimas de tanta nostalgia, são tiros espectaculares lutas é uma garantia.

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