domingo, 15 de novembro de 2015

CATÁLOGO: Por uma Vida Menos Ordinária

Ewan e Cameron: romance esquisito. 

A transição de cineastas europeus para o cinema hollywoodiano não costuma ser fácil, mesmo porque o estilo muitas vezes precisa ser traduzido para uma indústria de traços tem específicos, havendo dificuldades para ficar do jeito que o diretor quer ou do jeito que o produtor deseja. Se o diretor tiver sorte (e contar com um estúdio que banque sua visão das coisas) a transição pode ser menos traumatizante, caso contrário, sua carreira pode ficar por um fio. Essa foi a sensação que os fãs tiveram quando se depararam com Por Uma Vida Menos Ordinária, primeiro longa metragem com dinheiro americano do escocês Danny Boyle -  responsável por duas pérolas do cinema independente europeu dos anos 1990 (e se você ainda não viu Cova Rasa/1994 ou Trainspotting/1996, você está esperando o quê?) - que, aparentemente, desejava uma guinada na carreira quando resolveu fazer uma comédia romântica temperada com humor negro (recurso muito bem utilizado em seus filmes anteriores). O filme conta a história de Robert (Ewan McGregor), um faxineiro que perde o emprego quando seu patrão troca seus serviços pelos de uma máquina. Revoltado, e desempregado, ele resolve sequestrar a filha patricinha do magnata, a problemática Celine (Cameron Diaz). O relacionamento dos dois segue a velha cartilha das comédias românticas, os dois irão se desentender até o fim do filme, até que percebam que existe um certo interesse mútuo entre eles (mas o melhor momento do casal é a cena que se inspira nem antigos musicais). O filme demora para engrenar e está bem longe do ritmo estiloso que tornou Boyle conhecido mundialmente, deixando como toque mais original a dupla de anjos da pesada O'Reilly (Holly Hunter) e Jackson (Delroy Lindo) que tenta manter o casal junto (a qualquer preço) seguindo métodos pouco ortodoxos (reza a lenda que o casal celestial foi concebido originalmente como uma dupla de matadores profissionais, mas na última hora, o diretor resolveu colocá-los como anjos adeptos do uso de violência). É verdade que o diretor capricha numa plasticidade moderninha vintage para ambientar os personagens, mantem a trilha sonora bacana como característica, mas perde pontos por nunca fazer um desenho competente dos personagens que sempre parecem um confusos no desenrolar da história. Robert e Celine contam com doses cavalares da dupla de atores para funcionar perante o público e pode até agradar se tivermos boa vontade com o típico jogo cênico de opostos que se atraem (ele é sonhador e escreveu um romance sobre a filha bastarda de Marilyn Monroe com John Kennedy e ela... bem... Celine parece um projeto de sociopata). Se o filme fez pouco sucesso na época, e tornou-se digno de pouca lembrança, vale conferir por ele marcar a despedida da parceria de Boyle com seu ator assinatura até então. Depois de três filmes juntos, o diretor e Ewan McGregor nunca mais trabalharam juntos. 

Por Uma Vida Menos Ordinária (Reino Unido -EUA/199) de Danny Boyle com Ewan McGregor, Cameron Diaz, Holly Hunter, Delroy Lindo e Stanley Tucci. ☻☻☻

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