terça-feira, 10 de março de 2015

Na Tela: Para Sempre Alice

Julianne Moore: perdendo a memória para ganhar o Oscar. 

O Oscar desse ano ficará famoso por ter finalmente premiado Julianne Moore como melhor atriz, no entanto, dificilmente as pessoas irão lembrar do filme que a permitiu tal façanha. Para Sempre Alice tem a maior cara de telefilme da década de 1980, mas tem a sorte de contar com uma estrela do quilate de Julianne para valorizar algo que já foi visto várias vezes na telona. Baseado no livro de Lisa Genova e dirigido pela dupla Richard Glatzer e Wash Westmoreland (que também assina o roteiro), o filme acompanha uma renomada linguista às voltas com o diagnóstico de Alzheimer precoce. Antes do diagnóstico, Alice Howland já percebia que sua memória a traia em várias ocasiões, seja durante as aulas, numa conversa com os amigos, ou mesmo quando praticava cooper e esquecia onde estava. A partir do diagnóstico, ela tem certeza de que sua situação irá piorar cada vez mais. O filme se dedica totalmente a esse doloroso processo vivido pela protagonista de perceber que sua memória irá aos poucos abandoná-la até que ela seja incapaz de reconhecer seus filhos ou expressar suas vontades. Ainda que a família de Alice seja formada por atores conhecidos (Alec Baldwin é o esposo, Kate Bosworth é a filha mais velha e Kristen Stewart a caçula), todo o foco e responsabilidade do funcionamento do filme recai sobre Julianne. Pode parecer uma bobagem, mas perante os outros papéis que já a colocaram na mira do Oscar (só para lembrar: a diva pornô de Boogie Nights/1997, a esposa adúltera de Fim de Caso/1999, a dona de casa depressiva de As Horas/2002 e a esposa trocara por um homem em Longe do Paraíso/2002) a tarefa de viver Alice parece fácil para a atriz, afinal, basta um olhar para perceber que a memória da personagem torna-se cada vez mais afetada. Existem cenas interessantes no filme, como o momento em que os filhos recebem a notícia de que podem ter herdado a genética materna e sofrer do mesmo mal futuramente e, especialmente, a cena em que Alice pretende guiar a si mesma para cometer suicídio num futuro próximo (considero esse momento o ponto alto do filme onde podemos comparar dois momentos distintos da personagem e ver a transformação sofrida pela atriz).   Alguns exagerados chegaram a cogitar que Kristen Stewart poderia ser indicada ao Oscar de coadjuvante, mas o desempenho da jovem atriz é apenas discreto assim como de todos os coadjuvantes. Para Sempre Alice não é um filme memorável ou ruim, mas poderia ser mais interessante se seus outros personagens fossem menos estereotipados e tão bem delineados como a protagonista, do jeito que foi realizado parece feito por encomenda para provar que, mesmo com as limitações de um filme de baixo orçamento, Julianne consegue brilhar como sempre (com a vantagem de viver o tipo de personagem que o Oscar adora premiar), sua atuação é sensível e competente, o que já é suficiente para assistir ao filme que estreia no Brasil na próxima quinta-feira. 

Para Sempre Alice (EUA-2014) de Richard Glatzer e Wash Westmoreland com Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen Stewart, Kate Bosworth e Hunter Parrish. ☻☻☻

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