segunda-feira, 24 de março de 2014

DVD: Querido companheiro

Keaton e Kline: gracinhas sem ousadia. 

Em mais de trinta anos de trabalho no cinema, começando como roteirista (O Império Contra-Ataca/1980 e Os caçadores da Arca Perdida/1981) e depois como diretor (de Corpos Ardentes/1981 passando pelo elogioado O Reencontro/1983 e o sucesso de O Guarda Costas/1992), nunca Lawrence Kasdam havia deixado de lançar um filme por tanto tempo. Nove anos separam esse aqui do hediondo O Apanhador de Sonhos (2003), que baseado na obra de Stephen King se tornou o pior filme do diretor. Graças aos deuses do cinema, não existe qualquer semelhança entre ele e Querido Companheiro. É como se Kasdam demorasse todo esse tempo para colocar sua carreira sob uma nova perspectiva, voltando o olhar para as situações mais simples, mas que são capazes de gerar mudanças na vida de pessoas comuns (tal e qual apresentou no ser melhor filme, O Reencontro). É verdade que apesar de contar com um elenco formado pelos premiados veterados  Kevin Kline, Diane Keaton, Diane Wiest e Richard Jenkins, o filme não tem medo de soar brando na forma em que conta sua história. A trama gira em torno do aparecimento e desaparecimento de um cachorro, numa família de vida bem confortável. A família Winter, chefiada por Beth (Diane) e o médico Joseph (Kline) parece perfeita. A filha Grace (Elizabeth Moss) está terminando o doutorado e tudo encontra-se naquele ponto cômodo em que se tudo permanecer como está, já está de bom tamanho. Mas será que está mesmo? Se num primeiro momento o cão encontrado serve para aproximar Grace de um veterinário indiano (Jay Ali), é justamente após a cerimônia de casamento deles que o cão irá se perder e forçar Beth e Joseph a discutirem a relação. Os Winters aproveitam a cerimônia para ficar um final de semana em sua propriedade nas montanhas, na ocasião, contam com a companhia de Penny (Dianne Wiest), irmã de Joseph, seu atual namorado Russell (Jenkins) - que pretende abrir um pub que tem como maior atração servir cerveja morna - e o filho de Penny, o também médico Bryan (Mark Duplass, que assina ao lado do irmão Jay a direção de filmes como Cyrus/2010 e Jeff e as Armações do Destino/2011). Depois que conhecemos um pouco mais esses personagens, Joseph sai para passear com o cachorro e o perde enquanto conversa no celular. Começa então a busca pelo bicho de estimação e o jorro de cobranças que deixaram Beth engasgada por tantos anos de casamento. Não espere muita profundidade ou muita sujeira na tela, Kasdam não perde a simpatia nesses momentos e consegue ser casto até quando apresenta o flerte entre o certinho Bryan com uma mulher de origem cigana (Ayelet Zurer). Com uma gracinha aqui e outra ali, apresentada por um elenco carismático, o filme é fácil de assistir (principalmente com as belas locações emolduradas por uma fotografia de cartão postal) mas ao final da sessão não deixa de parecer um pouco preguiçoso. Nada contra um programa leve e despretensioso para curtir quando não se tem mais nada a fazer, mas Kasdam não ousa um milímetro durante a sessão. No fim da sessão, parece mais um filme que investe num público que andava abandonado em Hollywood, os filmes para terceira idade. Assistindo a Querido Companheiro, temos a ideia exata dos mandamentos presentes na cartilha desse novo filão cinematográfico. É um filme bem feitinho, mas não deve ficar na memória por muito tempo.

Querido Companheiro (Darling Companion/EUA-2012) de Lawrence Kasdam com Dianne Keaton, Kevin Kline, Richard Jenkins, Dianne Wiest e Mark Duplass. ☻☻

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