sábado, 22 de fevereiro de 2014

DVD: Meu Namorado é um Zumbi

Hoult: provando que é o zumbi mais bonito de todos os tempos. 

Os fãs mais xiitas dos filmes de terror fizeram grande campanha contra Meu Namorado é Um Zumbi. O argumento mais ouvido é que se tratava de mais uma tentativa de "desmoralização dos personagens de filmes de terror" -  são acusados pelo movimento filmes que vão de Crepúsculo (2008) até a animação Hotel Transilvânia (2012). Como sou daqueles que tudo pode ser feito em nome de um bom filme, estava aguardando minha oportunidade de assistir ao longa de Jonathan Levine - diretor que ajudou a fazer de 50% (2011) algo bem mais interessante do que previa o roteiro de Seth Rogen. Baseado no livro de Isaac Marion, o filme fez um sucesso considerável nas bilheterias mundiais (graças ao seu orçamento modesto) com sua mistura de comédia de humor negro, terror e (sobretudo) romance. Faz algum tempo que os filmes de zumbi se tornaram o gênero da moda dentro os fãs de terror, nada mais justo que o zumbi tivesse um filme onde o mundo pós-apocalíptico fosse visto pelos seus olhos cadavéricos. Não existe muitas explicações de como o mundo passou a ser habitado pelos mortos vivos, mas diante da narrativa de R (Nicholas Hoult) isso pouco importa. A ideia de ouvirmos a consciência de um zumbi juvenil, já proporciona ao filme um frescor que provoca interesse no público. Da mesma forma, é interessante como o filme cria uma espécie ainda mais assustadora de zumbis, um tipo onde a degradação física torna o homem num esqueleto revestido apenas de uma musculatura seca e retorcida. R vive num aeroporto junto com outros zumbis, vagando de um lado para o outro, até que um "amigo" os convida a sair daquele lugar. É nessa saída que haverá um confronto entre o grupo de R e um grupo de militantes que lutam pela sobrevivência humana num ambiente hostil. Na ocasião, R é atacado por Perry (Dave Franco), namorado de Julie (Teresa Palmer), filha do líder (um discreto John Malkovich) na luta contra os zumbis. No entanto, antes de comer o cérebro de Perry (achei genial a ideia de que os zumbis comem cérebro para viver as memórias da vítima), R vive uma espécie de amor a primeira vista por Julie, que termina sendo salva por ele e levada para o aeroporto. Da convivência entre os dois, o roteiro desenvolve muito bem como aquele relacionamento faz com que o organismo de R se transforme e inspire uma série de outros zumbis a buscar a vida que lhes escapou. É verdade que Levine cria várias cenas arrepiantes e de aventura que servem para empolgar a plateia, mas nunca perde de vista o romance que se instaura entre Julie e R, tudo temperado com uma certa nostalgia que emana das referências aos anos 1980. É verdade que apesar de toda a maquiagem, Hoult (que estreou rechonchudo no cinema com o sucesso Um Grande Garoto/2001 e tornou-se até modelo nas campanhas de Tom Ford quando chegou na adolescência) é capaz de arrancar suspiros da plateia, o que torna muito mais fácil seu relacionamento com Julie. O jovem ator (que namora Jennifer Lawrence) tem bons momentos como zumbi, seja na forma como anda arrastado, na fala titubeante e o olhar fixo que sempre causa algum espanto na sua parceira de cena, sem perder a chance de explorar o humor das situações em que seu personagem se mete. No fim das contas é realmente difícil não comparar o filme com Crepúsculo, mas é necessário dizer que o trabalho de Levine é muito mais interessante do que os quatro filmes da saga insossa - especialmente pela analogia que permite a plateia de todas as idades notarem que somente aquele sentimento bom pode nos fazer parar de ser corpos vagando por aí ao acaso.

Meu Namorado é Um Zumbi (Warm Bodies/EUA-2013) de Johnatan Levine com Nicholas Hoult, Teresa Palmer, John Malkovich, Analeigh Tipton e Dave Franco ☻☻☻

Nenhum comentário:

Postar um comentário