sábado, 18 de agosto de 2012

kLÁSSIQO: Drugstore Cowboy

Heather, James, Kelly e Dillon: junkies nus e crus. 

Eru era adolescente quando vi pela primeira vez Drugstore Cowboy, um dos clássicos de Gus Van Sant. Portando faz quase vinte anos! No entanto, é um desses filmes que fica na nossa memória por um bom tempo. Talvez minhas boas lembranças sobre o filme estejam relacionadas ao fato de que pertence ao gênero em que considero Van Sant um expert: a comédia de humor negro. Pena que ele quase não se aventura pelo gênero.   O filme até hoje gera polêmicas  por ser acusado de glamourizar o uso das drogas. Visto hoje em dia, me faz lembra de outro filme acusado de fazer o mesmo: Trainspotting (1996) de Danny Boyle. A temática perigosa tratada com humor inusitado, às vezes surrealista, é o que os dois filmes tem em comum. Menos frenético, Drugstore Cowboy consegue ser um retrato melancólico sobre jovens americanos que sustentavam o vício roubando farmácias e hospitais sedentos por estimulantes e tranquilizantes. O filme acompanha o bando de Bob (Matt Dillon) que ao lado da esposa Dianne (a linda Kelly Lynch) e dos amigos Rick (James Le Gross) e Nadine (Heather Grahan) em seus planos mirabolantes pelas redondezas. Líder dessa espécie de família disfuncional,  Bob já foi preso algumas vezes, já foi para a reabilitação mas não consegue largar o vício. O filme prefere não destacar o uso das drogas, mas o estilo de vida marginalizante que ela impões ao quarteto através de situações cômicas e outras dramáticas. Van Sant consegue a proeza de mudar o tom em questão de segundos, sem que comprometa o ritmo do filme. Prova disso é o episódio dedicado ao cãozinho Panda que acaba atrapalhando os plano do grupo - e a proibição do uso de palavras cão e chapéu pelos trinta dias de azar que proporcionam. É justamente na parte que aborda as desventuras do grupo em seus assaltos e os conflitos que surgem pelo caminho que o filme é mais interessante -  especialmente por conta dos diálogos extremamente lapidados (a cena em que Dianne reclama da falta de apetite sexual de Bob e ele alega que ela deve estar drogada para querer seduzí-lo faz qualquer um gargalhar). Com a morte de um membro do grupo, Bob acredita que sua sorte mudou e portanto, precisa mudar de vida - mesmo que isso signifique amargar o distanciamento de seu grupo. É arrebatadora a cena em que argumenta com uma assistente social sobre não querer ajudar outros viciados a largar o vício, mas, ironicamente o filme perde o ritmo quando chega neste ato que poderia ser de redenção. Embora menos inspirada essa parte rende tiradas filosóficas provocadoras saída dos lábios de William S. Burroughs no papel de um junkie aposentado. Essa parte só demonstra que quando Van Sant tem de lidar com uma tarefa complicada, ele consegue ser melhor do que no trivial (esse adjetivo vale para seus filmes oscarizados Gênio Indomável/1997 e Milk/2008 que devem ser os menos complicados de sua carreira). Sem discursos prontos e mostrando o vício como um hábito, o Cowboy de Drogaria de Van Sant consegue ser extremamente plástico em sua execução e honesto nas sutilezas dos personagens. Com ritmo lento e criação de algumas cenas experimentais, Van Sant chamou a atenção neste filme  pela extrema competência em contar histórias estranhas e conduzir seus atores.  Pelo final melancolicamente irônico muitos consideram que Matt Dillon encontrou neste filme o seu melhor papel.

Drugstore Cowboy (EUA-1989) de Gus Van Sant com  Matt Dillon, Kelly Lynch, James Le Gross e Heather Graham. ☻☻☻☻

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