segunda-feira, 16 de julho de 2012

TRILOGIA BATMAN - PARTE 1: Tim Burton

Keaton: "I'm Batman"
Com a proximidade do lançamento do derradeiro Batman de Christopher Nolan, acho que é mais do que conveniente rever as outras concepções do Homem Morcego na telona. Embora a primeira adaptação cinematográfica de Batman seja de 1943 (lançado com o nome de "O Morcego"), a segunda sendo de  1966 (batizada de A Volta do Homem Morcego) e a terceira em  1966 (Batman: O Homem Morcego) foi Tim Burton o primeiro a dar cara de superprodução aos filmes do herói criado por Bob Kane na década de 1930. Se hoje em dia os estúdios brigam por um filme de HQ, na década de 1980 a coisa era bem diferente. Levar um super-herói para as telas era tarefa mais do que complicada, já que poucas experiências valeram a pena. Sucesso mesmo só obteve o primeiro Superman (1978) de Richard Donner e sua sequência em 1980, depois disso só houve fracassos e produções tão ruins que nem chegaram a estrear. Burton já um sucesso no currículo (Os Fantasmas de Divertem/1988) e muitos viam com desconfiança a sua tentativa de imprimir sua estética ao herói de Gotham City - e as coisas ganharam proporções mais complicadas quando Burton escalou o comediante Michael Keaton (ator de Os Fantasmas...) para ser o herói. Enquanto alguns especulavam sobre o motivo da escalação ser os lábios do ator, Burton estava ciente de que tinha condições de fazer do filme um sucesso. Estava caprichando na atmosfera dark (com o objetivo de sepultar de vez a série de TV no imaginário dos fãs) e escolhendo aliados de peso como Jack Nicholson (para viver o vilão Coringa) e a loura Kim Basinger (para viver o par romântico do herói) - isso sem falar na trilha sonora de Prince que prometia dar a aura pop que o filme precisava entre os mais antenados. Enquanto os batmaníacos ainda viam com desconfiança a escalação de Keaton, Burton fez uma jogada de mestre ao criar um trailer curtinho onde o ator grunhia "I'm Batman" vestido a caráter. Pronto, todo mundo acreditou que Keaton daria conta do recado. 

Nicholson: maquiagem caprichada e nome no alto dos créditos. 

Quando o filme estreou todo mundo concordou que Keaton não comprometia a produção, apesar do roteiro dar mais destaque ao vilão Jack Napier, o bandido vivido por Jack Nicholson. Jack criou um bandido que era o responsável pela morte dos pais de Bruce Wayne e criador do trauma que fez  o herdeiro milionário se transformar no justiceiro mascarado de Gotham. As coisas poderiam parar por aí se ele não sofresse um acidente que deformasse seu rosto e acentuasse sua psicopatia - virando o risonho Coringa. Seu plano é dominar (claro) o mundo a partir de produtos de beleza que quando combinados causam efeitos colaterais que podem ser mortais. Enquanto Batman tenta impedí-lo, existe uma dupla de repórteres  Vicky (Basinger) e Alex (Robert Wuhl) que tentam descobrir os segredos do vilão e do super-herói que surge na noite de Gotham. Apesar das cenas de ação (muitas embaladas com os gritos de Basinger) o que marcou a produção foi o visual criado pela dupla Anton Furst e Peter Young (que levou para a casa o Oscar de Melhor direção de Arte e Cenários). Burton utilizou o que havia de mais sombrio num personagem inspirado em morcegos para criar sua obra que se tornou um sucesso - custou 35 milhões de dólares e rendeu mais de 400 milhões pelo mundo. Apesar do eficiente Alfred (Michael Gough), os fãs reclamaram do pouco destaque que personagens como Comissário Gordon (Pat Hingle) e Harvey Dent (Billy Dee Williams) receberam na trama. Esperava-se que a aventura seguinte resolvesse esses detalhes. Não foi bem assim. Batman - O Retorno (1992) custou 80 milhões e rendeu pouco mais de 200 milhões, ou seja, teve sucesso abaixo do esperado ao render metade do anterior tendo custado mais do que o dobro. O motivo pode ser a decepção dos fãs que consideraram que o herói aparecia pouco e sem muito destaque na trama, a não ser atrapalhar os vilões na execução dos seus planos. Se por um lado a história dá mais destaque para o grotesco Pingüim (Danny DeVito) em seu plano de matar os primogênitos de Gotham, quem rouba a cena  é Michelle Pfeiffer com a Mulher-Gato mais inesquecível de todos os tempos. Se Pingüim foi abandonado pelos pais por suas deformidades (crescendo nos subterrâneos de Gotham), a Mulher-Gato era a tímida secretária Selina Kyle que é quase assassinada pelo seu chefe, o inescrupuloso Max Schrek (Christopher Walken) e ressuscita com sede de vingança. O roteiro é um tanto confuso e nem sempre o apelo de Pingüim funciona, deixando a atmosfera mais bizarra do que sombria. Enquanto o visual do filme continua irretocável, a direção de Burton mostra-se mais cansada (acho que depois do sucesso de Edward Mãos de Tesoura/1990 seu interesse era firmar-se como autor e não com produções feitas por encomenda). Burton dá sinais de brilhantismo somente quando Pfeiffer e Michael Keaton se encontram em cena. Foi brilhante a ideia de criar uma roupa fetichista para a vilã de chicote em punho (e Pfeiffer merecia uma foto no verbete "sensual" em todos os dicionários). Com problemas em seu encadeamente, Batman - O Retorno foi a última aventura de Tim Burton no universo do Homem-Morcego, mesmo havendo a promessa de um filme solo da Mulher-Gato protagonizada por Michelle (o que nunca se concretizou).  O Oscar lembrou de indicar a maquiagem e os efeitos especiais (que se tornaram mais elaborados do que no filme anterior), mas  a produção não ganhou nenhum. Diante da decepção, a Warner resolveu repaginar o herói em sua próxima aventura nas telas. 

DeVito e Pfeiffer: adivinha quem entrou para a História?

Batman (Reino Unido/EUA-1989) de Tim Burton com Michael Keaton, Jack Nicholson. Kim Basinger e Jerry Hall. ☻☻☻

Batman - O Retorno (Batman Returns/EUA-1992) de Tim Burton com Michael Keaton, Michelle Pfeiffer, Christopher Walken e Danny DeVito. ☻☻☻

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