sexta-feira, 20 de julho de 2012

TRILOGIA BATMAN - PARTE 2: Joel Schumacher

Kilmer e Kidman: "uma mulher gato entre nós"!
Depois dos dois filmes do Homem Morcego dirigidos por Tim Burton, a Warner resolveu dar uma repaginada com a intenção de aumentar as bilheterias (já que Batman- O Retorno/1991 rendeu metado do anterior, tendo custado o dobro). Para a empreitada, o estúdio escalou o diretor Joel Schumacker que tinha lá os seus sucessos, sendo os dois últimos os mais aclamados de sua carreira: Um Dia de Fúria (1993) e O Cliente (1994). Burton agora assinaria apenas a produção e Joel, para deixar sua marca na franquia, inseriu mais cores na produção (especificamente mais verde, vermelho e lilás), escalou Val Kilmer para ser  Bruce Wayne/Batman e alguns atores em ascensão perante para se juntar ao elenco. Ciente de que a franquia dava cada vez mais destaque aos vilões, escolheu Jim Carrey (que estava no auge) para ser o clássico vilão Charada e o veterano Tommy Lee   Jones para ser Duas Caras. Como filme de Batman deve ter uma beldade, a escolhida da vez foi Nicole Kidman para viver a psicanalista Chase Meridian. A doutora serve para vender a ideia de que haveria uma parte mais pscicológica na trama de Batman Eternamente (1995), onde Wayne entraria em crise existencial por se dividir entre um milionário durante o dia e combater o crime durante a noite. Afinal o que se esconde por trás de um morcego? Essa é a ideia que alguns personagens comentam durante o filme, mas que não convence na tal "profundidade psicológica" que o roteiro pretendia. É mais interessante ver o filme inserir Robin na história depois de ser desprezado nos filmes de Tim Burton. O garoto prodígio de Chris O'Donnel é fiel à origem do personagem nos quadrinhos e a cena em que se torna órfão deve ser uma das mais bem resolvidas do filme - o que motiva o rapaz a se juntar a Batman para se vingar do assassino de seus pais. Existe até um ensaio nesse embate entre a "justiça" de Batman e o desejo de "vingança" de Robin, mas não decola. Quem rouba a cena mesmo é Carrey como o pateta Edward Nigma, gênio da informática demitido das indústrias Wayne e que cria uma máquina capaz de roubar os pensamentos dos habitantes de Gotham City (o que ameaça o segredo de Batman). Enfim, existe ideias que ficam somente no esboço e toda atmosfera dark de Tim Burton foi para o ralo. Ainda que não marque um reinício para a franquia (Chase Meridian chega a citar a figura da Mulher Garo e os vilões não se repetem) ficava óbvio que as aventuras do herói chegava a uma nova era nas telas. Depois de Prince e Siouxsie e The Banshees nas trilhas anteriores, esse filme tornou  Kiss from a Rose do Seal uma das músicas mais tocadas em todo mundo, superando até Hold me thrill me kiss me kill me do U2 que também estava na trilha sonora. O Batman de Schumacher era menos dark e mais pop. 

Jones e Carrey:  Os vilões da vez. 

Thurman e Freeze: O visual não salva. 
Se muita gente considerou Batman Eternamente uma bomba, eles não faziam ideia do que estava por vir. A Warner ficou até feliz em ter investido cem milhões e ter recebido o triplo disso em bilheteria. Ficaram tão felizes que confiaram mais um filme do Homem Morcego à Schumacher, desde o início chamado Batman e Robin (1997). Depois que Val Kilmer se desentendeu com os produtores, convidaram o galã em ascensão George Clooney para trocar alfinetadas com o Robin de Chris O'Donnel. Os interesses megalomaníacos da produção resolveram não colocar dois vilões na trama, mas três! Hera Venenosa (Uma Thurman), Mr. Freeze (Arnold Schwarzenegger) e Bane (Jeep Swenson). Os fãs salivaram, já que Bane foi o responsável por uma reviravolta nas HQs quando tornou Batman paraplégico e impossibilitado de combater o crime (na época a DC Comics havia radicalizado para aumentar as vendas de seus gibis, eles até mataram o Superman, lembra?), mas bastou dizer que Alicia Silverstone (acima do peso) viveria a Batgirl, sobrinha do mordomo Alfred que os mais antenados começaram a reclamar. Afinal de contas, todo fã sabe que Batgirl é sobrinha do Comissário Gordon... Schumacher nunca foi muito fiel ao universo das HQs, mas aqui ele chutou o balde. Existem tantas piadas estúpidas na produção (Cartão de Crédito do Batman: Não saia de casa sem ele!? Robin pendurado gritando que "Ah, eu tô maluco?!") e atenção com detalhes bisonhos (Bane é um boçal?! Armaduras com mamilo?!) que no fim das contas o filme é uma paródia de mal gosto do personagem criado por Bob Kane. Nem adianta colocar Batman e Robin brigando por Uma Thurman ou caprichar nos efeitos de Mr. Freeze, o filme é uma calamidade tão grande que George Clooney nem se esforça em dar qualquer dignidade ao herói (até hoje ele faz piada com o filme) - curiosamente ele foi o que menos se prejudicou com a produção, já os outros tiveram de amargar descrédito em suas carreiras (as de O'Donnel e Alicia Silverstone tiveram quedas bruscas que duram até hoje). Em meio ao baile de carnaval patrocinado por Joel Schumacker se entendeu que a referência do diretor era aquele seriado toscamente cômico (que durou de 1966 a 1968 com Adam West). Ou seja, não bastasse ter ofendido os fãs de Batman com o pior filme do herói, ele ainda ganhou a ira dos fãs do seriado!  O resultado? Um investimento de 125 milhões que rendeu 130 milhões em bilheteria mundial, o maior fracasso do herói nas telas. Depois de tanta dor de cabeça a Warner não queria ver a batcaverna tão cedo. Era preciso de redimir do vexame, mas como? Pelo menos o filme teve uma trilha sonora excelente com Smashing Pumpkins, R.E.M, Jewell, Moloko, Underworld, Goo Goo Dolls, Soul Coughing e Meshell Ndegeocello. Santo carnaval com trilha de primeira, Batman!


Alicia, Clooney e Chris: O pior Batman de todos os tempos. 

Batman Eternamente (Batman Forever/1995) de Joel Schumacher com Val Kilmer, Nicole Kidman, Jim Carrey, Chris O'Donnel, Tommy Lee Jones e Drew Barrymore. ☻☻


Batman & Robin (EUA/1997) de Joel Schumacher com George Clooney, Chris O'Donnel, Uma Thurman, Alicia Silverstone e Arnold Schwarzenegger.

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