domingo, 9 de outubro de 2011

CATÁLOGO: Ratos e Homens


Malkovich e Fenn: ingenuidade e brutalidade brotando no mesmo lugar.

Sempre ouvi falar de Ratos e Homens  como o filme que deu a John Malkovich sua única indicação ao Oscar (pois é, nem em Ligações Perigosas/1988 ele conseguiu a façanha), mas encontrei o filme dia desses e não fazia a mínima ideia de que Gary Sinise é quem dirigiu o longa (agora aquela piadinha no final de Quero Ser John Malkovich/1999 faz todo o sentido). A relação de Sinise e Malkovich é bem antiga, já que eles faziam parte da mesma companhia de Teatro (a Chicago Steppenwolf, da qual também fazia parte a sumida Joan Allen) e o entrosamento entre os dois atores é um dos pontos positivos deste filme que apesar de ser baseado no famoso segundo livro de John Steinbeck chega a incomodar com sua despretensão. Sinise conta a história sem estardalhaço, sempre conseguindo equilibrar o que há de bem-humorado e trágico na trajetória dos amigos Lennie (Sinise) e George (Malkovich). O início sombrio do filme, seguido de uma cena da dupla fugindo já deixa claro que se meteram em encrenca - e as roupas gastas já deixa claro que o filme se passa durante a grande depressão econômica dos EUA na década de 1930 (a mesma que deu contornos para a trama de Dogville/2002). Os dois chegam à uma fazenda nos cafundós da Califórnia e não demora muito para percebermos que os patrões não são as criaturas mais gentis do pedaço e que George... digamos... não é cem por cento. Apesar de ser grandalhão, George é de uma ingenuidade infantil (e acho que nunca o sorriso e olhar de Malkovich foi tão útil a um personagem), mas ao mesmo tempo percebemos que sua presença representa alguma ameaça à paz de Lennie. Não há dúvida de que ambos são amigos e Lennie cuida de Goerge como se fosse um irmão mais velho, sendo que antes de contar a trsite história de seu amigo, nossa torcida já é para que tudo dê certo para os dois. Mas, se você conhece esse tipo de filme sabe que as coisas não serão muito fáceis, especialmente quando aparece uma garota com a cara de Sherilyn Fenn toda se querendo e cheia de insinuações para Lennie - desde o primeiro momento se sabe que a garota é pura encrenca e piora mais ainda quando se descobre que ela é filha do marrento filho do dono da fazenda. Pois é, a vida não é fácil e pode piorar mais ainda quando Lennie e George planejam reconstruir a vida numa fazenda só deles para criar coelhos! Sinise realiza um bom trabalho de direção e consegue conduzir a trama sem grandes surpresas, mas sempre cumpre seus objetivos - das cenas mais dramáticas (como a cena em que um senhor muito idoso aceita sacrificar seu cachorro velho) e assustadoras (quando George esmaga a mão de um valentão) até o final melancólico. Ratos e Homens é um bom filme, bem realizado e que poderia ter se tornado uma obra maior se Sinise houvesse ousado só mais um pouquinho. Honrando o livro em que se inspira, o filme é infinitamente melhor do que a versão de 1939 (que recebeu no Brasil o nome de Carícia Fatal!!!).

Ratos e Homens (Of Mice and Men/EUA-1992) de Gary Sinise com Gary Sinise, John Malkovich, Sherilyn Fenn e Casey Siemaszko. ☻☻☻

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