quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CATÁLOGO: Morte no Funeral

MacFadyen (à direita): tentando zelar pela despedida do pai.

Geralmente quando Hollywood inventa de fazer a refilmagem de um filme estrangeiro utiliza o argumento de que a maioria do público americano não gosta de ver filmes legendados. Não basta a dublagem, é preciso refilmar um longa para satisfazer o desejo do público do Tio Sam. Ok, mas e quando o filme é estrangeiro, falado em inglês e recebe uma versão hollywoodiana? Foi isso que aconteceu recentemento com Morte no Funeral (2007), comédia despretensiosa e divertida do craque em comédias Frak Oz. O filme fez grande sucesso no Brasil desde que foi exibido no Festival do Rio com seu humor que mistura fleuma britânica e situações inusitadas no melhor estilo besteirol.  Ainda não vi a versão americana lançada no ano passado -  que substituiu o elenco britânico por afro-americanos sob a batuta de um mórmon (o cineasta Neil Labute, que já foi bom, mas anda devendo um filme bom há tempos). Independente da comparação, a refilmagem foi direto para as locadoras daqui.  A trama é simples: uma família de classe alta inglesa se reúne para o funeral de um parente e uma série de situações inusitadas começam a acontecer. O protagonista é Daniel (Matthew macFadyen, mais conhecido como par de Keira Knightley em Orgulho e Preconceito), o filho bonzinho que vive à sombra do irmão escritor de sucesso (Rupert Graves) que é incapaz de dividir as despesas do enterro do patriarca da família. As coisas não andam fáceis para Daniel, já que ele ainda mora com a mãe e planeja dar entrada num apartamento para aliviar a tensão entre a patroa e sua progenitora. As coisas só tendem a piorar quando fica instigado com a presença de um anão no funeral, que mais tarde irá mostrar provas fotográficas de que era amante do defunto. Se não parece encrenca suficiente, imagine o estrago que algumas pílulas alucinógenas de um certo primo pode fazer no dia em que seu cunhado (Alan Tudyk) será apresentado à família. Junte a isso um tio grosseirão e um grupo de amigos que não primam pelo bom tom e você terá ideia do que acontece durante uma hora e meia de projeção. Oz não ambiciona contar uma história com lições de moral ou significados implícitos, mas apenas fazer rir com uma comédia pautada numa situação que deveria ser marcada pela tristeza. Foi com essa comédia independente e modesta que o veterano diretor espantou sua maré de azar após produções conturbadas como A Cartada Final (2001) e Mulheres Perfeitas (2004) e mostra que ainda sabe fazer o público gargalhar como nos bons tempos de Os Safados (1988), Será que ele é? (1997) e Os Picaretas (1999). O mais bacana do filme é a atuação saborosa de nomes pouco conhecidos como MacFadyen, que está totalmente diferente (não estou falando dos quilos a mais) de quando fez o galã da obra de Jane Austen, contido e de timing cômico preciso, o cara merecia mais atenção dos estúdios. MacFadyen é seguido de perto por Alan Tudyk (que faz o surtado Simon) que consegue fazer graça das situações mais ridículas que um ser humano pode se meter e Peter Dinklage como o anão amante. Situações inusitadas e deboche aos conflitos familiares - que acontecem nas melhores (e piores) famílias - completam a diversão desta pequena jóia do cinema inglês.  Com relação à refilmagem americana, a história é praticamente a mesma, mas executada sem qualquer sutileza. De nada adianta Chris Rock bancar o irmão sério ou colocar nomes famosos como Danny Glover, Zoe Saldaña, Luke Wilson, Martin Lawrence ou James Marsden se as mudanças no roteiro se resumem às piadinhas chulas e um namorico do irmão escritor que não faz a mínima falta na trama. Em meio ao desastre total, Peter Dinklage repete seu papel de anão amante sem a colaboração de seus novos parceiros. A impressão é de que refizeram o filme só para estragar tudo.

Morte no Funeral (Death at a Funeral/Inglaterra - 2007) de Frank Oz com Matthew MacFadyen, Rupert Graves, Alan Tudyk, Daisy Donovan, Ewen Brenner e Andy Nyman. ☻☻☻

Morte no Funeral (Death at a Funeral/EUA-2010) de Neil LaBute com Chris Rock, Martin Lawrence, Danny Glover, Zoe Saldaña e James Marsden.

Lawrence e Rock na versão americana: só para estragar.

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