quarta-feira, 13 de julho de 2011

CATÁLOGO: Pecados Inocentes


Tragédia: Moore, a ótima. Redmayne, o desastre!

Fã que é fã aguenta de tudo, até mesmo os maiores tropeços de seu artista favorito. Sou admirador declarado de Julianne Moore e sou daqueles que até hoje não entendem como ela sempre perde o Oscar, mesmo sendo a melhor atriz do páreo! A ruiva já passou dos cinquenta anos e ainda é uma das artistas mais interessantes de Hollywood - e não faz a mínima questão de levar uma vida de diva, detesta badalações, entrevistas e andar produzida. Talvez tudo isso colabore para que muitos a achem antipática ao ponto de ser esnobada pela Academia em atuações como a que vemos em Minhas Mães e Meu Pai (2010). O melhor em ser fã de Julianne é que sabemos que mesmo em um desastroso, ela tem a capacidade, quase miraculosa, de ser a única coisa boa em cena. Este é o caso de Pecados Inocentes de Tom Kalin. O filme é um drama desses que ambiciona ser cool, polêmico e fazer bonito nas premiações, mas o único mérito é ter confiado o papel de protagonista à Moore. Baseado numa história real, o filme conta a história da família Baekeland,  que tenta conviver com as divergências entre Brooks (Stephen Dillane, desperdiçado) e a matriarca Bárbara (Moore) que amarga entre suas frustrações não ter se consolidado como atriz. Para aumentar as divergências entre os dois está o herdeiro, Antony, que desde pequeno se mostra diferente dos demais garotos de sua idade. O roteiro não se preocupa em construir uma narrativa bem costurada, prefere exibir pedaços da vida desta família de forma meio solta e sem ligação aparente entre elas. Sendo assim, vemos Tony demonstrar sinais de sua homossexualidade, o pai abandonar a família e Bárbara mantendo a pose - mesmo quando o mundo desaba em sua cabeça. Fico imaginando Julianne recebendo o roteiro e imaginando como uma ricaça que queria ser atriz se comportaria e... nasce uma diva! Pena que o diretor não seja tão inventivo. Se Kalin buscava investir tanto em humanizar a relação entre mãe e filho mergulhando na solidão, poderia ter escolhido um ator melhor do que Eddie Redmayne para duelar com Julianne - deveriam ter arranjado pelo menos alguém que honrasse a atuação do moleque (Barney Clark) que o interpreta quando tem doze anos (Clark consegue ser mais vigoroso do que o bocó em que se transforma). Redmayne é ruim de doer, se fosse substituído por uma folha de papelão nem notaríamos a diferença. Quando a desorientação do personagem cresce gradativamente perante os sentimentos ambíguos e incestuosos por sua mãe, o ator se limita a fazer a mesma cara de estátua e mergulhar na passividade. Não vou nem comentar seus momentos "sedutores" que beira o nonsense. Nem as cenas feitas para chocar consegue envolver a platéia, parece que a indiferença do diretor pelos seus personagens contamina o público e um filme cheio de ambições naufraga quase que completamente. Quase naufraga porque Julianne está belíssima e ótima como a mãe luminosa que esmaga seu filho sem se dar conta. Pena que nem a atriz (aliada aos belos figurinos e fotografia) consiga fazer milagre por um filme que permanece cheio de mistérios. O maior deles é por que Kalin inventou de levar para as telas uma história tão visceral de forma tão sem graça? Pálido, como seu protagonista que sucumbe ao assassinato, dificilmente ficará na memória de quem assistir.

Pecados Inocentes (Savage Grace/2007) de Tom Kalling com Julianne Moore, Eddie Redmayne, Stephen Dillane e Hugh Dancy.

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