quarta-feira, 29 de junho de 2011

DVD: 2019 - O ano da extinção


Hawke e Dafoe: dando o sangue por uma ideia mal aproveitada.

Na época em que o trailer de Daybreakers chegou aos cinemas muita gente ficou entusiasmada (eu, inclusive) com a mistura de ficção científica e filme de vampiro que se anunciava tendo no alto dos créditos Ethan Hawke e Willem Dafoe. A promessa de espantar a mesmice dos filmes do verão americano foi desanimando e culminou com o lançamento do filme direto em DVD em terras brasileiras. No entanto, nenhuma das produções vitimadas com este carma por aqui me fez lembrar, como este, de um benefício deste tipo de lançamento: avançar o filme e nos livrar das cenas que já começam a aborrecer. 2019 - O ano da extinção talvez até empolgue os fãs mais ardorosos de tramas vampirescas, mas o filme está longe de ter a competência que o trailer sugere. Dirigido pela dupla Michael e Pieter Sperig o filme tem a ideia bem sacada de contar a história de um mundo onde um vírus transformou a maioria da população em vampiro. Sendo assim, os humanos são caçados enquanto fonte alimentícia. Com o tempo, os poucos que sobraram são caçados e mantidos em instalações bizarras que lhes sugam o sangue enquanto consegue ser produzido. Como a escassez de sangue se anuncia os cientistas de caninos avantajados procuram uma fórmula sintética de sangue que possa suprir as necessidades dos dentuços -  já que a abstinência sanguínea acaba os transformando em monstrengos híbridos de humanos e morcegos. À procura deste suprimento revolucionário está Edward Dalton (Ethan Hawke), um vampiro hematólogo que tenta manter vivo o que ainda lhe resta de humanidade - e por isso mesmo se preocupa com a extinção humana prevista para 2019. Enquanto seus experimentos fracassam ele conhece um grupo de resistência liderado por um vampiro que conseguiu se curar chamado Elvis (Willem Dafoe) que auxiliado por uma humana vigorosa (a australiana Claudia Karvan, que merecia mais do que enfeitar o filme) tentam estudar a tal cura misteriosa. O filme vai bem até aí, depois vira um filme típico de perseguição com o grupo de resistência sendo caçado até o fim com todos os clichês do gênero. Para tapear o filme tropeça em draminhas familiares que aparecem pelo caminho - como a tentativa do magnata vilão (vivido por Sam Neil) transformar sua filha em imortal e os conflitos de Edward com seu irmão caçador de humanos (o acessório Michael Dorman. Como se não bastasse, o nível de sangue que já beirava o exagero em algumas cenas da primeira parte, na segunda chega  a sujar o carpete da sala! O filme funciona quando desenha um universo próprio (ainda que de visual descaradamente chupado de Blade com Wesley Snipes), mas lamentavelmente se perde em meio a arremates simplistas. Nem mesmo o toque de ironia na propagação da cura salva o filme do finalzinho sem graça que arranjaram para a trama. Hawke disse em entrevistas que o filme era uma alegoria sobre a relação do homem com a escassez dos recursos naturais (o que é verdade e até funciona no início) e completou que, apesar disso, era "arte menor, bobo e despretensioso". É bom saber que o cara não perdeu a auto-crítica.

2019 - O ano da extinção (Dabreakers/EUA-2009) de Michael e Pieter Sperig com Ethan Hawke, Willem Dafoe, Sam Neil, Claudia Karvan, Michael Dorman e Isabel Lucas.  ☻☻

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