segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Na Tela: O Destino de Uma Nação

Srª e Sr. Churchill: atuação perfeita de Gary Oldman. 

Indicado para seis Oscars, O Destino de Uma Nação tem muitos méritos. A começar pelo elenco talentoso, capitaneado por um diretor que se tornou especialista em modernizar visualmente filmes de época. Some isso a todo o preciosismo técnico que um longa pode ter  e você terá um filme como este. O filme começa poucos dias antes de Winston Churchill (vivido por Gary Oldman em excelente atuação) assumir como Primeiro Ministro da Grã-Bretanha, durante um dos momentos mais sombrios da história da humanidade: a Segunda Guerra Mundial. Churchill logo viverá o dilema entre realizar um tratado de paz com a Alemanha Nazista ou se opor à ela. A Alemanha avançava para a Europa Ocidental e a invasão era cada vez mais iminente. A população sentia-se ameaçada, o rei não sabia muito o que fazer (George VI vivido por Ben Mendelosohn, mas já vimos a parte da história dele no oscarizado O Discurso do Rei/  com Colin Firth) e o próprio partido começava a temer as decisões que Churchill tomaria. O desafio do protagonista é: como costurar tantos interesses divergentes e observar o que é melhor para a sua nação sem deixar-se contaminar por todo o período nebuloso à sua volta. Não é um tema fácil  de abordar ou digerir sem transformar o cinema em aula de história. Nesta tarefa complicada, Joe Wright demonstra mais uma vez ser um diretor muito habilidoso. Seus ângulos, movimentos de câmera e timing colaboram para que o filme seja atraente e fácil de assistir, colabora muito para isso o elenco, especialmente Gary Oldman que diante de uma pesada maquiagem (mas brilhantemente executada) encarna Churchill de forma arrepiante. Favorito ao Oscar deste ano, fica difícil acreditar que em mais de trinta anos de carreira no cinema, Gary tenha apenas um a indicação anterior ao prêmio da Academia (por O Espião que Sabia Demais/2011) e nenhum careca dourado na estante. Seu desempenho na vida domiciliar e nos discursos inflamados é melhor do que do próprio Churchill - que é uma figura bem mais controversa do que várias obras recentes costumam demonstrar (afinal, não podemos esquecer, que ele era um político... ou seja, metido em conflitos e negociação de interesses, escolhas e renúncias e tudo o mais) e neste ponto que reside o ponto fraco do filme: o roteiro. Ele acerta ao tentar mostrar as várias facetas do personagem (sua genialidade em oratória, seu temperamento explosivo...) e consegue humanizá-lo, mas soa truncado ao abordar um período histórico tão complicado. Em alguns momentos o texto poderia ser mais enxuto e dar menos voltas em favor de construir uma tensão e urgência sobre o que acontecia no mundo naquele momento, o que não ocorre. Há situações que visivelmente só aconteceram na ficção (a do metrô é o melhor exemplo disso) e outras licenças poéticas que não sei se foram acertadas. Embora tenha sacadas visuais interessantes, falta peso para a narrativa, de forma que fica até difícil imaginar que o que vemos aqui é o outro lado da história vista no desespero de Dunkirk (que também está no páreo de melhor filme do ano). O Destino de Uma Nação não alcança todas as notas que deveria, paga o preço de contar uma história que já vimos antes, mas satisfaz um público que adora este tipo de filme histórico e bem realizado visualmente (como vários votantes da Academia, por exemplo). 

O Destino de uma Nação (The Darkest Hour / EUA - Reino Unido / 2017) de Joe Wright com Gary Oldman, Kristin Scott-Thomas, Ben Mendelsohn, Lily James, Stephen Dillane e Samuel West. ☻☻☻

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