quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Na Tela: Extraordinário

Os Pullman: Jacob Tremblay voltou em ótima companhia. 

Eu tinha o pé atrás com a adaptação para o cinema do sucesso literário Extraordinário de R. J. Palacio. No livro eu já considerava que as doses generosas de açúcar ficavam no limite e quando anunciaram que os pais do protagonista seriam vividos por Julia Roberts e Owen Wilvon o sinal de alerta soou com força. Por sorte, escolheram Stephen Chbosky para dirigir o filme. Chbosky também é escritor e foi responsável por levar seu próprio livro mais famoso para a telona, As Vantagens de Ser Invisível (2014), em que já demonstrava mão boa para abordar os dramas de seus personagens sem cair na pieguice ou no melodrama. Em Extraordinário esta habilidade faz toda a diferença,  já que (mesmo com final deliberadamente apelativo) somente alguém muito insensível não irá se envolver com a história do pequeno August Pullman. Colabora muito também que o responsável por viver o menino seja Jacob Tremblay, que já fez bonito em O Quarto de Jack (2015) e aqui tem a chance de destruir qualquer desconfiança de quem suspeitava que ele fosse apenas uma fofura. Jacob é um ator com A maiúsculo. Quem já ouviu falar do livro, sabe que aborda a entrada na escola de um garoto que nasceu com o rosto marcado pelo encontro raro dos genes recessivos raros de seus pais. Assim, ele teve que sofrer várias cirurgias plásticas para conseguir escutar, respirar, se alimentar... mesmo depois de tantas cirurgias sua aparência ainda causa estranhamento (e o trabalho de maquiagem não prejudica em nada o brilho no olhar de Jacob, a doçura de seu sorriso ou a tristeza que lhe visita de vez em quando). Sua entrada na escola ocorre quando sua mãe atenciosa (Julia Roberts) percebe que não dá mais para ensiná-lo em casa e, mesmo diante dos temores da família, o menino precisa começar a frequentar uma escola para adquirir novos conhecimentos. Se você for ver o filme achando que ele é um manifesto contra o bullying provavelmente irá considerá-lo fraco e até infantil, mas se você quiser ver uma obra interessante sobre conviver com a diferença o filme não desaponta. O que mais considerei interessante na narrativa é a forma de Chbosky não se concentrar apenas em August, mas também em quem está ao seu redor, dando destaque para sua irmã (a ótima Izabela Vidovic) - que tem uma complexa relação com o irmão, já que deseja protegê-lo ao mesmo tempo que se ressente de ter crescido em segundo plano desde o nascimento do irmão caçula -, assim como a melhor amiga dela e o adorável Jack Will (Noah Jupe). A opção de mostrar o olhar dos personagens sobre a presença de August em suas vidas torna o filme muito mais rico e interessante, facilitando o apelo junto ao público infanto-juvenil (que lotava a sala de cinema em que assisti) e criar uma rede de relações e conflitos que funcionam muito bem dentro da proposta do filme e do livro. Quanto aos mais velhos irão adorar as citações à Guerra nas Estrelas num filme de narrativa bem cuidada e com atores bastante comprometidos com a história que desejam contar (além do elenco mirim ser irresistível!). Extraordinário é um belo filme que merece ser assistido, principalmente por nos lembrar que vivemos num mundo longe de ser perfeito, mas que merece ser desafiado a mudar (desde pequeno). 

Extraordinário (Wonder/EUA-2017) de Stephen Chbosky com Jacob Tremblay, Julia Roberts, Owen Wilson, Izabela Vidovic, Mandy Pantinkin, Noah Jupe, Bryce Gheisar, Danielle Rose Russell e Sonia Braga (numa pontinha). ☻☻

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