sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Na Tela: Corpo e Alma

Endre e Mária: fantasia romântica.

Corpo e Alma saiu do Festival de Berlim deste ano com quatro prêmios, entre eles o mais cobiçado de todos, o Urso de Ouro dedicado ao melhor filme. O prêmio credenciou o longa a ser escolhido para disputar uma vaga no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar do ano que vem. A história gira em torno de dois personagens que trabalham num abatedouro de gado. Endre (Morcsányi Géza) é o diretor financeiro e não parece ter muito amigos. Reservado e com um braço paralisado, ele tenta manter a rotina do local sem grandes mudanças até a chegada de Mária (Alexandra Bórbely), jovem que acaba de ocupar o cargo de inspetora de qualidade - função que executa com um rigor que provoca estranhamento nos outros funcionários. Endre até tenta se aproximar de Mária, mas ela demonstra ser ainda mais arredia que ele, sem demonstrar expressões e emoções. Enquanto o cotidiano do abatedouro é mostrado (com direito a cenas bastante explícitas sobre o corte do gado - que deixa os mais sensíveis incomodados) existem cenas de dois cervos na floresta que aparecem toda hora. Somente quando acontece um roubo no local de trabalho, o roteiro demonstra que aqueles simpáticos animais na floresta não estavam ali somente para ressaltar a crueldade de uma sociedade carnívora. Endre e Mária irão descobrir uma ligação curiosa entre eles, o que irá motivar um vínculo entre o casal e o surgimento de um romance que precisa sobreviver às dificuldades que ambos encontram para se envolver. Quem não está acostumado a filmes do Leste Europeu vão estranhar o ritmo lento, o roteiro que parece disperso e até o humor que soa involuntário em alguns momentos, mas são estas características que tornam o filme da diretora Ildikó Enyedi uma fantasia romântica interessante, que funciona se você superar toda estranheza que fazem parte de sua proposta. No entanto, existem alguns momentos que poderiam ter sido evitados (a cena da banheira parece um tanto gratuita), alguns personagens coadjuvantes também poderiam ser mais explorados dentro das possibilidades que o filme aponta, mas não se empolga a seguir. Ainda assim, Corpo e Alma é um filme diferente que demonstra como a criatividade pode dar um toque especial a uma história de amor. 

Corpo e Alma (Teströl és lélekröl/Hungria - 2017) de Ildikó Enyedi com Morcsányi Géza, Alexandra Bórbely, Zoltán Schneider, Júlia Nyakó e Tamás Jordán. ☻☻☻

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