quinta-feira, 17 de agosto de 2017

CICLO PIPOCA: Rei Arthur

Hunnam (ao centro): outro Rei Arthur?

Lembro que cresci assistindo a um desenho na TV sobre o Rei Arthur, era um anime que passava na finada TV Corcovado (eu sei, você agora se deu conta de como sou velho) e aqueles episódios serviram de referência sobre o herói para toda uma geração de meninos. Parece que realmente existiu em líder nomeado Arthur na Grã-Bretanha no final do século V e início do Século VI, mas muito do que sabemos sobre ele foi composto pelo folclore construído em torno de seus feitos. A popularidade do Rei Arthur cresceu muito na Literatura Medieval graças ao escritor francês Chrétien de Troyes, ja que foi ele que tornou ainda mais conhecido o amigo Lancelot, o romance com Lady Guinevere, os fieis Cavaleiros da Távola Redonda, além de Merlin e a bruxa Morgana. O personagem é tão marcante para a literatura europeia que já rendeu além de animações para a TV várias produções cinematográficas. Destas, três habitam minha memória, a melhor é Excalibur (1981) de John Boorman, mas existe também uma (des)animação da Disney (A Espada Era a Lei/1963) e uma versão com Clive Owen, Rei Arthur (2004) de Antoine Fuqua que pretendia contar a história real por trás da lenda. Curiosamente a versão mais recente não tem pretensão de seguir os contos clássicos, a realidade ou até o bom senso. Rei Arthur - A Lenda da Espada com a bilheteria fraca, o filme levantou debates sobre o desgaste do personagem, mas trata-se de um debate que não contempla o maior problema aqui: a qualidade do filme. Dirigido por Guy Ritchie, ele faz para o estúdio o mesmo que já fizera com outro personagem britânico clássico, Sherlock Holmes (2009), aqui ele também reinventa o personagem para o público do século XXI, no entanto, a repaginada deixa a Távola Redonda um tanto quadrada. Se no início o filme parece promissor ao destacar a tirania do tio Vertigern (Jude Law que parece estar adorando envelhecer) e a magia daquele universo, basta o Rei Arthur crescer para a história começar a desandar. Nada contra Charlie Hunnam, pelo contrário, eu até considero uma boa escolha para o papel, o problema é que o roteiro ingrato reserva ao personagem mais uma história de herói que precisa amadurecer com perseguições, treino e ajustes com o passado. A trama segue sem inovar na cartilha do super-herói, reservando a criatividade somente para alterações descabidas na história clássica. Merlin nem aparece, Morgana também não. Tire do filme também sua amada Guinevere e o leal Lancelot, acrescente um mestre de Kung-Fu e a mágica Excalibur num misto de espada do He-Man e dos Thundercats. O filme investe pesado nas cenas de ação, mas o desenvolvimento da história é confuso ao investir na atração e repulsa de Arthur com sua espada - e o estilo de Ritchie não ajuda. Aqui sua marca de idas e vindas temporais durante os diálogos são utilizadas em momentos cruciais da história, investindo num ritmo frenético desnecessário que só prejudica o desenvolvimento da história. Ao final a sensação é que não vimos o Rei Arthur, poderiam ter inventado qualquer outro nome para o personagem, seria algo mais digno do que esta propaganda um tanto enganosa. As cenas de ação mirabolantes podem até prender atenção, mas não custava ter um roteiro melhor - sugiro que da próxima vez assistam ao desenho animado de minha infância e percebam todos os bons elementos que as histórias do Rei Arthur tem a oferecer. 

Rei Arthur - A Lenda da Espada (King Arthur - Legend of Sword/EUA-2017) de Guy Ritchie com Cahrlie Hunnam, Jude Law, Adam Gillen, Eric Bana, Djimon Hounson e Neil Maskell. ☻☻

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