quinta-feira, 8 de junho de 2017

KLÁSSIQO: O Iluminado

Nicholson: mais doido que nunca.  

"Aquele Jack Nicholson só pode ser louco de verdade!" disse meu amigo Walbert dia desses quando conversamos sobre O Iluminado de Stanley Kubrick, um dos nossos filmes de terror favoritos - e um dos mais incomuns. Inspirado na obra de Stephen King, Kubrick investe aqui em mais uma de suas narrativas surpreendentes. Existem sustos, sangue (uma verdadeira onda vermelha) e uma atmosfera que se intensifica durante todo o filme - e que torna a história de um homem que enlouquece num hotel assombrado bem mais interessante do poderia ser. Jack Nicholson vive Jack Torrance, um escritor que aceita a proposta de passar uma temporada zelando por um hotel enquanto tenta escrever seu novo livro. Ele parte com a esposa (Shelley Duvall) e o filho pequeno (Danny Lloyd) para o hotel afastado da cidade e tudo indica que ele terá toda paz e sossego necessária para trabalhar. No entanto, um passado de crimes e violência do hotel mantem a tensão entre os funcionários - mas Torrance não se importa com essas histórias, pensa apenas em sentar e datilografar... até que ele começa a ter um comportamento estranho. Torrance e o filho começam a ver coisas estranhas no hotel, que podem ter relação com o passado tenebroso do local, mas enquanto busca inspiração Jack parece captar o que há de mais sinistro por ali. É fascinante como Kubrick consegue dar vida ao hotel, fazendo que a construção devore os personagens em sua própria história. A câmera do diretor explora a geografia do local revelando um verdadeiro labirinto emocional entre aquelas paredes (e com o uso de uma câmera inovadora para a época) e não é por acaso que o próprio hotel tem um labirinto do lado de fora. Entre silêncios, ótimas atuações (o trio principal é perfeito em cada cena), trilha sonora e detalhes bizarros (as irmãs que aparecem para o menino, a palavra REDRUM escrita de vermelho, o mar de sangue e até um homem vestido de pelúcia) o horror cresce gradativamente até o famoso surto ao final da sessão. O Iluminado nos leva para um mundo paralelo, um mundo assustador onde não se percebe o que é passado, sonho, alucinação ou realidade e justamente por proporcionar esta experiência que causou grande estranhamento em sua estreia (assim como todos os filmes do diretor). É verdade que Kubrick realiza várias alterações na trama de Stephen King e há quem acredite que o filme é a confissão do cineasta sobre uma grande farsa (basta ver o documentário O Labirinto de Kubrick/2012 para entender melhor), mas diante de todos os arrepios que nos oferece O Iluminado pode ser apenas a aula do meste do cinema de como fazer um filme assustador.

O Iluminado (The Shinning/EUA-1980) de Stanley Kubrick com Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd e Joe Turkel. ☻☻☻☻

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