domingo, 14 de maio de 2017

PL►Y: O Filho Eterno

Débora e Veras: aprendendo a amar o filho. 

O Filho Eterno é um filme um tanto duro de assistir. Áspero e incomodo, o filme baseado na obra de Cristóvão Tezza conta a rejeição de um pai ao descobrir que o filho tem síndrome de Down. Vale lembrar que o filme se passa na década de 1980, época em que ainda existiam poucas pesquisas e informações sobre a síndrome e termos como "mongol" ainda eram aceitas com normalidade. Quem narra o filme é Roberto (Marcos Veras), escritor que parte da alegria de ver o filho no braço da esposa para a total negação da paternidade ao ouvir o diagnóstico dado pelo médico. Após ficar desiludido quanto às chances de curar o filho, Roberto chega a ficar feliz ao saber que a expectativa de vida das crianças com Down é bastante baixa. "Ele vai morrer! Ele vai morrer!", ele celebra em um devaneio - e a plateia assiste em choque. Sorte que no caminho do menino tem uma mãe (Débora Falabella) que nutre por ele um amor incondicional, capaz de suprir toda a ausência que o pai possa gerar. Se você considera Marcos Veras um ator simpático, prepare-se para vê-lo num personagem bem diferente.  Além de Marcos não entender como a esposa consegue amar a criança, ele ainda a trai e sempre deixa clara a insatisfação com o filho. Quando se passa alguns anos, tudo o que ele faz com o pequeno Fabrício (vivido pelo luminoso Pedro Vinícius) é lhe chamar a atenção e exigir que ele cumpra todas as regras, terapias e acompanhamentos com o maior rigor possível - inclusive dentro de casa. Ainda que soe repetitivo durante sua quase hora e meia de duração, o filme conta com uma direção segura de Paulo Machline (diretor de um filme que eu adoro e que pouca gente conhece: Natimorto/2010 com Simone Spoladore) e uma ótima atuação de Débora Falabella - que amplia uma personagem, quase sem destaque no livro, com Débora ela ganha corpo e alma em uma atuação repleta de nuances (e com direito a um monólogo comovente, digno de prêmios). Marcos Veras faz o que pode com um personagem complicado, mas merece destaque pela angústia nos momentos finais. Outro destaque da produção é a reconstituição de época, tão bem cuidada que faz até a analogia da relação entre pai e filho e a campanha da seleção brasileira em Copas do Mundo fazer sentido.

O Filho Eterno (Brasil-2016) de Paulo Machline com Marcos Veras, Débora Falabella e Pedro Vinícius. ☻☻☻

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