terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Na Tela: Estrelas Além do Tempo

Octavia, Taraji e Janelle: história que merece ser conhecida. 

Theodore Melfi ganhava a vida como produtor desde 1998. Escreveu alguns roteiros, dirigiu alguns curtas e em 2014 realizou o seu primeiro longa-metragem, o simpático Um Santo Vizinho (2014) onde conseguiu o feito de convencer Bill Murray a atuar sob os seus cuidados (e o ator acabou indicado ao Globo de Ouro daquele ano). Era visível a leveza com que o diretor lidava com assuntos complicados, sempre mantendo o tom otimista no relacionamento de um menino com seu vizinho rabugento. Em seu novo filme, Estrelas além do Tempo, o diretor reforça seu gosto pela leveza diante de um tema rebuscado, como fez anteriormente, mostra que sabe fugir do dramalhão e conduzir a construção de personagens que provocam empatia imediata da plateia.  Baseado no livro de Margot Lee Shatterly sobre um grupo de matemáticas negras que trabalhavam na NASA durante a corrida espacial contra a Rússia, Estrelas além do Tempo conseguiu surpreendente sucesso nas bilheterias americanas e recebeu o prêmio de melhor elenco no prestigiado Screen Actors Guild (o prêmio do Sindicato de Atores). O filme tem o foco na trajetória de três personagens, Katherine G. Johnson (Taraji P. Henson), matemática prodígio desde a infância, Dorothy Vaughan (Octavia Spencer) e Mary Jackson (a cantora Janelle Monáe que prova ser uma boa atriz neste e em outro filme da temporada, Moonlight). As três vão juntas para o trabalho todos os dias e sabem exatamente os problemas que os negros enfrentam com suas limitações ao uso de ônibus, banheiros e todo o resto no amargo período de direitos civis. Basta ver que ao trabalhar junto aos engenheiros da NASA, Katherine terá que correr por vinte minutos para poder ir ao banheiro destinado às mulheres “de cor”, ou se frustrar ao ver que terá de fazer o próprio café separado de todos os outros (e o desabado da personagem sobre esses fatores é um dos grandes momentos do filme). Por outro lado, Mary percebe que ascenderá profissionalmente se conseguir cursar uma faculdade de engenharia (e que terá de conseguir uma liminar na justiça se quiser alcançar o objetivo driblando preconceitos) enquanto Dorothy não consegue ser promovida a ser supervisora de seu setor (mas que pode ir ainda mais longe). Melfi prefere usar todo o preconceito quase como pano de fundo para a, não apenas por ser afro-americanas, mas também por serem mulheres num mundo cheio de discriminações. A opção de Melfi por não reforçar a luta pelos direitos civis pode até gerar críticas, mas alcança o objetivo de criar um filme agradável de assistir e que torne conhecida a história das matemáticas (e por isso mesmo, com boa bilheteria). Boa reconstituição de época, dramas equilibrados com humor, trilha sonora animada (de Pharell Williams) e alfinetadas servem de moldura para o trio protagonista que transborda talento e satisfação em contar a história que temos aqui. Evitando o tom edificante ou a chatice panfletária, Estrelas além do Tempo ganha pontos por contar uma história sobre pessoas e sua relação com as adversidades ao redor – e isso já é  suficiente para expressar sua mensagem. O filme está indicado a três categorias no Oscar desse ano: filme, roteiro adaptado e atriz coadjuvante (Octavia Spencer).

Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures/EUA-2016) de Theodore Melfi com Taraji P. Henson, Octavia Spencer, Janelle Monáe, Kevin Costner, Kirsten Dunst, Jim Parsons e Mahershala Ali.  ☻☻☻

Um comentário:

  1. Eu recomendo assistir Estrelas Além do Tempo fascina ao revelar os inestimáveis feitos de um trio de mulheres à frente do seu tempo. Eu amo ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Também adorei 7 Minutos Depois da Meia Noite é um dos melhores filmes inspirados em livros, porque tem toda a essência do livro mais sem dúvida teve uma grande equipe de produção. É muito inspiradora, realmente a recomendo.

    ResponderExcluir