domingo, 13 de novembro de 2016

Na Tela: Doutor Estranho

Cumberbatch: Estranho perfeito. 

Não há dúvidas do esmero da Marvel com seus personagens no cinema e Doutor Estranho reafirma esta máxima com louvor! Afinal, o filme era um dos mais arriscados que o estúdio tinha nas mãos, já que o desafio de inserir aspectos mágicos em suas produções ainda era visto como um risco (a série Punhos de Ferro da Netflix que o diga...). No entanto, quando soubemos que Benedict Cumberbatch era o escolhido para viver o médico Stephen Strange a coisa começou a demonstrar que seguiria pelo caminho certo. Some ao seu nome os de Tilda Swinton, Mads Mikkelsen e Chiwetel Ejiofor que a coisa fica ainda melhor (e não digo isso apenas pelos nomes de pronuncia complicada que os une). Assinado por Scott Derrickson (diretor de um dos melhores filmes de terror do século XXI: O Exorcismo de Emily Rose/2005) o filme conta a origem do personagem da Marvel, o doutor tão brilhante quanto arrogante Stephen Strange. Ele sofre um acidente de carro que compromete para sempre suas mãos e, por consequência, a carreira como cirurgião meticuloso. Em busca de voltar a ter a mesma destreza manual de antes, Stephen parte para procurar tratamentos alternativos no oriente e descobre um mundo místico inesperado ao ser apresentado à Anciã (uma esplêndida Tilda Swinton), uma mestra da magia de idade desconhecida. Enquanto tenta melhorar suas condições, ele aprende a utilizar habilidades mágicas que não era capaz de conceber dentro da visão de mundo que abandona aos poucos. Essa jornada espiritual do personagem compõe o primeiro ato do filme com drama, humor (e de vez em quando a Marvel escorrega nisso) e efeitos especiais que evocam diretamente a arte dos quadrinhos que investia numa aura psicodélica incomum até então - e na tela, este mundo místico habitado pelos personagens resulta ainda mais impressionante e vertiginoso. Porém, não demora para que Strange descubra que nem tudo é luminoso nesse mundo, já que Anciã e seu grupo devem proteger a Terra de ameaças místicas que podem destrui-lo facilmente. É neste ponto que descobrimos a existência do devorador de mundos Dormammu e seu mais novo discípulo, Kaecillius (Mads Mikkelsen). Escrito tudo parece uma grande bobagem, mas todos aqui tem a difícil tarefa de tornar esse universo coerente e não cair no ridículo - senão o filme fracassaria redondamente (e não é por acaso que o filme possui um dos elencos mais premiados de um filme da grife Marvel). O filme possui efeitos especiais deslumbrantes, que multiplica à enésima potência o que vimos em A Origem/2010 - que agora parece apenas um aperitivo com o que vemos aqui. A forma como os personagens atravessam e manipulam o multiverso é espetacular! O que nos faz lembrar que Doutor Estanho pode até repetir os vários ingredientes dos filmes da Marvel (ação, humor, par romântico, efeitos especiais, lutas elaboradas...) e alguns defeitos (a namorada que nunca ganha muita consistência, o vilão que poderia ser mais complexo...) num formato místico, mas ousa ao direcionar todo o universo Marvel para outra direção que promete tornar seus filmes ainda mais interessantes (e eu aguentaria mais umas duas horas de filme facilmente). 

Doutor Estranho (Doctor Strange/EUA-2016) de Scott Derrickson com Benedict Cumberbatch, Rachel McAdams, Tilda Swinton, Chiwetel Ejiofor, Mads Mikkelsen, Michael Stuhlbarg e Benedict Wong. ☻☻☻☻

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