sábado, 1 de outubro de 2016

Na Tela: Café Society

Jesse e Kristen: juntos pela terceira vez. 

Como é público e notório, Woody Allen possui uma verdadeira obsessão por lançar um filme por ano. Às vezes essa necessidade nem sempre ajuda no desenvolvimento dos filmes, que de vez em quando, não conseguem disfarçar que mereciam uma lapidada no roteiro (basta ver o que acontece em Magia ao Luar/2014). Seu filme mais recente, Café Society conseguiu críticas positivas ao contar uma história que não tem nada demais, mas que é feita com uma atmosfera bastante sedutora, principalmente na reconstrução da Los Angeles da década de 1930. O filme tem duas partes bem demarcadas sobre a trajetória do jovem James (Jesse Eisenberg, em sua segunda parceria com o diretor), que planeja ir para a capital do cinema trabalhar com seu tio (Steve Carrell), um magnata dos estúdios. Chegando lá o seu trabalho está bem longe do glamour que esperava, mas pelo menos ele conhece a secretária do tio, Vonnie (Kristen Stewart) e a atração entre os dois é inevitável - só que ele nem imagina que ela é amante do seu mentor. Allen não força a mão para que o triângulo amoroso se desenvolva, deixando que a trama siga quase que automaticamente para um desfecho melancólico e realista. Nesse momento a trama muda com o retorno de James para Nova York, quando ele começa a trabalhar com o irmão (Corey Stoll) - aspirante a gangster que está sempre a um passo para meter-se em confusão - e encontra um novo amor, Veronica (Blake Lively). Com novos  personagens e nova subtrama, Allen assume que não está preocupado em criar uma história com grandes surpresas, mas em mostrar o efeito do tempo sobre o romance entre os casal protagonista, afinal, tudo que era atraente e apaixonante, agora passa a ser ponderado e, até, decepcionante. Café Society consegue ser uma história de amor um tanto irônica ao subverter o happy end que parecia tão óbvio desde o início. Com belíssima fotografia assinada por Vittorio Storaro e boa reconstituição de época, Allen consegue criar um filme elegante (onde até o seu humor auto-depreciativo está contido) e homenageia mais uma vez sua amada cidade de Nova York entre o glamour e o crime. O elenco também está bem, mas ainda acho Kristen Stewart um problema. Em sua peregrinação por ser considerada uma atriz respeitada, ela mais uma vez não parece à vontade diante da câmera (repare como ela aparece de olhos fechados quase em todas as cenas), mesmo valorizada pela fotografia, ainda falta presença cênica à moça - e o fato dos personagens ressaltarem toda hora sua beleza deixa isso ainda mais evidente. No entanto, sua química com Jesse Eisenberg (que sempre acho repetitivo, mas aqui ele funciona) é eficiente e garante empatia ao filme, justamente por estarem longe dos estereótipos de perfeição que Hollywood ajudou a consolidar no gênero. 

Café Society (EUA/2016) de Woody Allen com Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Blake Lively, Steve Carrell, Corey Stoll, Parker Posey e Jeannie Berlin. ☻☻☻ 

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