quinta-feira, 30 de junho de 2016

BREVE: High-Rise

Hiddleston: vazio por dentro. 

Prestes a ser Lançado em DVD e Blu-Ray nos Estados Unido, o longa-metragem High-Rise continua sem data para estrear por aqui. O motivo é que o filme de Ben Wheatley (do arrepiante Kill List/2011 - que você precisa assistir) deve ter assustado os distribuidores com sua história adaptada do (sempre difícil) J.G. Ballard - um desses autores que sempre são considerados complicados de levar para a telona e, sempre quando são, geram obras controversas. Quem viu o que David Cronenberg fez em Crash: Estranhos Prazeres (1996) sabe que o autor é um prato cheio para quem curte provocar a plateia. High-Rise conta uma história futurista, ambientada em um prédio que funciona como uma verdadeira cidade vertical. O arranha-céu do título é para onde se muda o jovem executivo Laing (Tom Hiddleston), que nunca encontra tempo para desencaixotar todas as suas coisas no novo apartamento (numa clara alusão de que ele tem mais coisas do que precisa). Laing lembra um pouco o personagem de outro escritor cult, o Psicopata Americano de Bret Easton Ellis (só que sem a psicopatia) e existe algumas que ressaltam isso para além dos ternos caros. O personagem vive num prédio luxuoso, com vários andares - com piscina, supermercado, academia e tudo mais que os moradores precisam para ter que sair dali somente para trabalhar. Entre os moradores está uma mãe solteira (Sienna Miller) que começa a se envolver com Laing, um documentarista (Luke Evans) que não consegue lidar com o fracasso de sua carreira de ator, sua esposa (Elisabeth Moss) e a penca de filhos, além do próprio idealizador desse ambicioso projeto habitacional (Jeremy Irons) - que mora na cobertura alheio aos problemas, recebendo seus seus amigos milionários. Com o tempo não há mais como disfarçar que existe uma tensão entre os moradores, uma tensão que destrói a cortesia entre os vizinhos diante das quedas de luz, problemas com a coleta de lixo e o fornecimento de água  que ficam constantes. Se na primeira parte a grande preocupação era fazer festas, na segunda instala-se o caos (atenção para o hit S.O.S. do Abba em versão do Portishead). É justamente nessa parte que Wheatley escorrega. Ainda que continue demonstrando estilo na troca da sofisticação pela barbárie, a trama segue rumos um tanto aleatórios quando os personagens deixam as máscaras sociais de lado e regridem aos seus instintos mais primitivos... pena que o que seria uma guinada genial soa apenas repetitiva. No entanto, o filme impressiona por sua concepção cerebral de filme catástrofe embalado num futurismo retrô (bastante coerente com o lançamento do livro em 1975). Não por acaso o filme costuma ser abandonado em sua metade caótica, mas vale a pena embarcar nessa história incômoda até o fim e ver o retrato não de um prédio, mas do nosso próprio planeta e seus habitantes à beira da loucura.  

High-Rise (Inglaterra/2014) de Ben Wheatley com Tom Hiddleston, Sienna Miller, Jeremy Irons,  Luke Evans, Elisabeth Moss e Peter Ferdinando. ☻☻☻

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