domingo, 15 de maio de 2016

Na Tela: Capitão América - Guerra Civil

Capitão América Vs. Homem de Ferro: crise ideológica. 

Acho que no futuro o ano de 2016 será lembrado como o ano em que nossas certezas foram quebradas. Verdades, ideologias e ideias foram questionadas, desconstruídas e reconstruídas numa escala poucas vezes vista. Da ascensão de ideias que considerávamos coisa do passado, chegando a redenções que nunca se concretizaram com seus ídolos caídos, acho interessante como os filmes de super-heróis captaram essa mensagem em voga. Na história das adaptações em histórias em quadrinhos, o ano em que vivemos será lembrado como o ano das pendengas super-heroicas. Afinal, foi o ano em que Batman tinha tanto medo de um mundo com seres mais poderosos que ele, que quase deu cabo de Superman e tudo o que ele representava em Batman Vs Superman (2016). Não bastasse isso, chegou a vez do time de heróis da Marvel, Os Vingadores discutirem a relação, especialmente Capitão América (Chris Evans) e Homem de Ferro  (Robert Downey Jr.) que ficam em lados opostos quando tem que enfrentar as consequências de toda a destruição que causaram enquanto salvavam o mundo em suas missões - porém, causaram as mortes de centenas de civis. No início de Capitão América: Guerra Civil, outro acidente vitimando pessoas comuns acarreta um arranjo governamental para regular a ação dos Vingadores: o Tratado de Sokóvia. Um acordo que subjuga a ação dos heróis à supervisão do governo. O passado bélico faz com que Tony Stark concorde com a medida, no entanto, o Capitão percebe que a influência dos interesses governamentais sobre suas ações poderá gerar problemas (assim como gerou à S.H.I.E.L.D) - some isso à perseguição ao seu amigo Buck, ou melhor, O Soldado Invernal (Sebastian Stan), acusado de cometer um ato terrorista e você sentirá para o lado que o sempre correto Capitão pende. Na primeira parte os heróis escolhem seus lados numa trama cheia de intrigas, espionagem e os conflitos mais bem desenhados de uma trama elaboradaa, mesmo com o desafio de lidar com mais de uma dezena de personagens - alguns deles que não conseguem escolher um lado até a já antológica cena do aeroporto. 

Pantera Negra: como manda o figurino.

Os diretores Joe e Anthony Russo conseguem manter a narrativa entre os ideais de um e outro, demonstrando que por mais que o espectador escolha um lado, ele é capaz de compreender os motivos que movem os adversários. Entre o "time" Capitão América e o "Time" Homem de Ferro, existem motivações que envolvem conflitos bastante pessoais, sobretudo pelos laços de amizade que se formaram nos filmes anteriores. Assim, por mais que o roteiro insira o ardiloso Zemo (Daniel Brühl, que poderá render muito mais nos próximos filmes da Marvel, já que o desenvolvimento me pareceu mais uma introdução do personagem no universo), o antagonismo fica por conta dos personagens conhecidos que já lutaram juntos nos filmes anteriores. É preciso destacar que os diálogos são tão valorizados como as cenas de ação - dessa vez, sem o exagero de efeitos especiais que se tornaram quase obrigatórios nesse tipo de filme - e servem para inserir um novo marco nos filmes do estúdio (que serve de ponto de partida para Vingadores - Guerra Infinita, previsto para 2018). Além disso, traz Homem-Formiga (Paul Rudd) para o front e insere Pantera Negra (em outra ótima atuação de Chadwick Boseman) com uma gana invejável ao universo já instituído, sem falar que conserta tudo o que o cinema já errou com o popular Homem Aranha (graças à boa participação de Tom Holland), de volta para casa Marvel após o desastrado último filme da Sony. Holland encarna o SpiderMan mais fiel que já vimos na tela: adolescente, tagarela, gentil... assim como o Pantera Negra, deixa o desejo de vermos um filme solo somente dele. No fim das contas, Capitão América: Guerra Civil coloca nos trilhos o que ficou desengonçado em A Era de Ultron. Embora o carro chefe da Marvel sejam os filmes dos Vingadores, percebo que são nos filmes de seu veterano herói que a Marvel costuma desenhar suas melhores estratégias, lapidando tramas mais sérias e  com verniz político no que poderia ser apenas entretenimento descartável. Em Guerra Civil, mais do que um super-herói impedindo os planos de um vilão maluco, o que vale são os conflitos de ideias impregnadas de ideologias e subjetividades. Acredito que os filmes da Marvel não serão os mesmos depois daqui. 

Homem-Aranha: voltando para casa Marvel. 

Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War/EUA-2016) de Joe e Anthony Russo com Chris Evans, Robert Downey Jr, Scarlett Johansson, Chadwick Boseman, Anthony Mackie, Sebastain Stan, Daniel Brühl,  Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Tom Holland, Paul Rudd e Don Cheadle. ☻☻☻☻

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