segunda-feira, 30 de maio de 2016

Na Tela: Amor Por Direito

Page e Moore: direitos civis resolvidos no tribunal. 

A história que gerou Amor Por Direito já foi premiada com o Oscar quando deu origem ao documentário em curta-metragem dirigido por Cynthia Wade em 2007 chamado Freeheld, assim como este longa dirigido por Peter Sollett - e reforça algo que já comentei antes aqui no blog, que muitos diretores estão buscando inspiração em documentários premiados para desenvolver seus projetos com atores. Julianne Moore vive Laurel Hester, policial exemplar que mantém sua vida sexual às escondidas até que conhece a jovem Stacie Andree (Ellen Page). Ainda que tenham algumas diferenças, as duas se apaixonam, compram uma casa e passam a morar juntas, ainda que Laurel ainda encontre dificuldades de assumir a relação perante seus colegas de trabalho - sobretudo para o parceiro e amigo que parece ter uma queda por Laurel, Dane Wells (o bom Michael Shannon). Mesmo temendo o preconceito, Laurel e Stacie farão um registro de união estável, que garantirá a elas alguns direitos diante da não legalização do casamento gay. As coisas complicam quando Laurel descobre que está com câncer no pulmão e começará a sua cruzada para deixar a casa e sua pensão para a parceira. Neste momento os preconceitos misturados aos interesses políticos se sobrepõem à justiça e caso chama a atenção da mídia de de militantes da causa gay. A história é tão interessante e bem vinda que nem precisava de um bom diretor para chamar a atenção, mas Peter Sollett relaxa demais e faz um filme no piloto automático, diminuindo a força do que tem em mãos. Além disso, comete alguns tropeços (eu considerei um grande erro colocar o comediante Steve Carrell para ser um rabino defensor do casamento gay, já que nem sempre sua postura cômica funciona diante de algo tão sério e polêmico). Sorte que Julianne More é uma grande atriz (e não há dúvidas sobre isso) e defende Laurel com garra, mas Ellen Page faz mais do mesmo alcançando um resultado apenas eficiente (vale ressaltar que foi na época em que trabalhava no filme que a atriz assumiu que era lésbica), curiosamente achei que Michael Shannon é quem chama mais atenção ao viver o sujeito hétero que percebe a importância de lutar pelos direitos iguais para sua colega de trabalho. Apesar do tema polêmico, Amor Por Direito é um filme simples (filmado como um filme para TV dos anos 1980) e profundamente humanista, que denota como os direitos humanos acabam ficando fora de manobras políticas. O filme merece ser visto para relembrar como o preconceito é uma das coisas mais absurdas já inventadas pelo homem (e cresce feito erva daninha em pleno século XXI). 

Amor por Direito (Freeheld / EUA-2015) de Peter Sollett com Julianne Moore, Ellen Page, Michael Shannon, Steve Carell, William Sadler e Josh Charles. ☻☻☻ 

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