sexta-feira, 22 de abril de 2016

BREVE: James White

Cynthia e Christopher: atuações memoráveis. 

James White é o longa-metragem de estreia de Josh Mond que conseguiu destaque em alguns festivais de filmes independentes e foi indicado a três prêmios no Independent Spirit2016 (filme de estreia, ator e atriz coadjuvante). Lançado em novembro nos Estados Unidos, o filme tinha esperanças de conseguir alguma indicação ao Oscar, mas acabou somente na vontade. O motivo talvez seja o clima triste que perpassa todo o filme, mas quem tiver a oportunidade não deixe de assistir, especialmente pelas atuações Cynthia Nixon (que tem feito uma bela carreira após o seriado Sex & The City) e  Christopher Abbott (O Charlie, ex-namorado de Marnie no seriado Girls da HBO). Abbott interpreta o personagem do título, um rapaz um tanto sem rumo e instável, que apresenta um comportamento auto-destrutivo, que fica ainda pior após a morte do pai. No início o filme parece uma colagem aleatória (propostial) do cotidiano de James (com destaque para a ótima cena inicial onde fica clara o desconforto do personagem com os lugares por onde passa), mas logo a trama encontra o rumo quando o que parecia só um detalhe torna-se o centro da trama. Quando sua mãe fica doente, James passa a cuidar dela e sua vida ganha um novo sentido. Promover o bem estar de sua mãe se torna prioridade, mas ele acaba percebendo mais uma vez que a vida lhe foge ao controle. Cynthia Nixon está excepcional como a mãe de James White, demonstrando vulnerabilidade e força (mesmo quando seu organismo mostra-se cada vez mais debilitado), já Abbot humaniza seu personagem problemático aos poucos, demonstrando que por baixo de sua agressividade existe apenas um rapaz perdido - e que se tornará ainda mais quando mãe não estiver mais por perto. Embora invista no visual sombrio, Josh Mond consegue construir um belo filme sobre a relação entre mãe e filho, criando cenas sinceras e honestas como a de Gail explicando ao filho que eles precisam aprender a viver entre os dois extremos emocionais a que se acostumaram (numa alusão à provável bipolaridade de ambos). Ao final da sessão, temos a impressão que James White é um filme que poderia descambar para o drama hospitalar mais tradicional ou ao filme de superação mais previsível, mas prefere seguir um caminho totalmente oposto, se concentrando apenas nos que podem ser os últimos dias de proximidade entre mãe e filho, que também podem funcionar como o rito de passagem para que o protagonista finalmente segure o rumo de sua vida com as próprias mãos, afinal, ela pode ser mais breve do que parece. 

James White (EUA-2015) de Josh Mond com Christopher Abbott, Cynthia Nixon, Ron Livingston, Scott Mescudi e David Cale. ☻☻☻

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