sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Na Tela: Brooklyn

Saoirse e Emory: merecedores Oscar de melhor casal do ano. 

Indicado a três Oscars (Filme, atriz e roteiro adaptado), Brooklyn mostrou-se um dos filmes mais queridos de 2015 nos Estados Unidos. No entanto, mesmo coberto de elogios do público e da crítica, deve sair da cerimonia do dia 28 de fevereiro de mãos abanando, o que é uma pena, já que o filme é uma beleza de se assistir. O diretor John Crowley realiza um excelente trabalho, inspirado num tipo de filme que Hollywood quase não faz mais (que ficou conhecido nos últimos anos como old school) no entanto, vários diretores costumam errar a mão quando se metem a fazer filmes como os de antigamente, sorte que Crowley se sai muito bem! Ele cria um romance límpido, com bela fotografia, atores excelentes, roteiro impecável, reconstituição de época caprichada, edição precisa e (coisa rara) equilibra humor e dramaticidade com maestria. A história é uma adaptação do livro mais recente do irlandês Colm Tóibin, onde ele conta a vida de uma imigrante irlandesa nos anos 1950 no famoso bairro novaiorquino que dá título ao filme. O roteiro do escritor Nick Hornby faz questão de abordar de forma sutil todos os dilemas da jovem imigrante Eilis (vivida por uma inspirada Saoirse Ronan), sem pesar a mão ou forçar situações para comover a plateia. Eilis (Saoirse Ronan) aceita o convite de um padre amigo da família (Jim Broadbent) para deixar a vida sem perspectivas na Irlanda pelas possibilidades de trabalho nos Estados Unidos. O problema é que, com isso, a jovem também se distancia da mãe, da irmã e das amizades. O filme acerta na forte carga emocional nesse período de transição da personagem, onde ela sempre deslocada, seja na pensão comandada pela senhora Keog (Julie Walters, num ótimo momento) ou no trabalho na elegante loja de departamentos. As coisas começam a mudar mesmo é quando ela conhece o descendente de italianos Tony Fiorello (Emory Cohen) que se apaixona por ela e... torna-se impossível não torcer pelo romance dos dois. Embora tenha completado vinte um anos, Saoirse (que é descendente de irlandeses e nascida em Nova York) é conhecida do público desde que foi a revelação de Desejo e Reparação/2007 (filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Coadjuvante quando tinha apenas treze anos) e aqui demonstra ter chegado à maturidade sem perder o brilho que a tornou famosa. Segura em cena, ela transpira cada emoção de sua personagem com um carisma irresistível, basta ver quando sua personagem enfrenta dúvidas quanto à possibilidade de voltar a viver na Irlanda e a plateia já está imersa em sua história. Essa sensação também acontece graças à ótima atuação do jovem Emory Cohen. Emory chegou ao cinema em 2012 com a pequena participação no sombrio O Lugar onde Tudo Termina/2012 , mas aqui ganha um papel de maior destaque e totalmente diferente (reparem como seus olhos brilham quando está em cena com Soirse). A química entre o casal é irresistível e permanece inabalável mesmo quando não estão juntos em cena - e mesmo quando surge um outro pretendente na história (Dohmnall Gleson), a lembrança de Tony torna-se palpável. Crowley usa como pano de fundo a história da segunda geração de imigrantes que procuraram ganhar a vida em Nova York, nesse ponto, a mistura de culturas, a saudade da terra natal (e da família), além de alguns truques com a polícia de imigração aparecem de forma bastante harmônica com a história de Eilis e Tony. Penso que o filme deveria aparecer em outras categorias do Oscar (ator coadjuvante, fotografia, edição, figurino...), mas senti falta mesmo foi de Crawley (do qual assisti somente Tem Alguém Aí? /2008, mas estou curioso o suficiente para conhecer seus outros filmes) no páreo de melhor direção. O cineasta evoca uma atmosfera tão luminosa em seu filme que merecia um reconhecimento maior nas premiações. 

Brooklyn (EUA/2015) de John Crawley com Saoirse Ronan, Emory Cohen, Jim Broadvent, Julie Walters, Domhnall Gleeson e Jéssica Paré. ☻☻☻☻

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