sexta-feira, 14 de agosto de 2015

CATÁLOGO: Control

Riley (segundo da esquerda para direita): performance mediúnica. 

A famigerada cinebiografia de Ian Curtis marcou a estreia de Anton Corbijn como cineasta. o que lhe conferiu um grande prestígio na carreira (afinal, só a primeira exibição do filme no Festival de Cannes lhe rendeu quatro prêmios) e a aura de cult para seu filme. Control realmente impressiona por sua linguagem quase documental ao retratar um dos maiores ícones do rock pós-punk. Dentro da história do rock a história do Joy Division é tão curiosa que sempre chama atenção dos mais atentos. O longa é baseado no livro de Deborah Curtis (viúva de Ian) e reconstrói um retrato melancólico do vocalista que cresceu ouvindo David Bowie e fazendo pose de ídolo do rock no quarto vazio. Foi nessa época que conheceu Déborah (Samantha Morton), aparentemente tímido demais, Ian já era casado quando se ofereceu para ser vocalista da banda de um grupo de conhecidos. Ao lado de Peter Hook (Joe Anderson), Bernard Sumner (James Anthony Pearson) e Martin Hannett (Ben Naylor) deu forma para a banda. É emocionante quando a aparência frágil de Ian revela a voz cavernosa nos palcos, cantando músicas que marcariam uma geração. Na maioria das vezes, as canções são apresentadas tendo ligação com a vida particular do cantor,  colaborando muito para a mudança de tom na narrativa que começa leve e torna-se cada vez mais pesada - especialmente quando Ian precisa cuidar de sua epilepsia com medicamentos cada vez mais fortes. O filme mostra o diagnóstico tardio da doença como um fato preponderante para a construção da personalidade de seu biografado, tendo forte influência até mesmo em seu desfecho sombrio. O filme ainda apresenta o envolvimento de Curtis com seu empresário Rob Gretton (Toby Kebbel), Tony Wilson (Craig Parkinson)  -  o dono da gravadora Factory (cuja trajetória foi apresentada em A Festa Nunca Termina/2002 onde o Joy também aparece) e com uma amante (sem muito destaque na trama), mas o grande trunfo do filme é a atuação de Sam Riley vivendo Ian Curtis de forma mediúnica. A fotografia em preto e branco e o fato dos atores tocarem seus próprios instrumentos nas cenas de show aumentam ainda mais a autenticidade dessa obra que faz jus ao legado de uma das maiores bandas de rock da Inglaterra. O filme fez tanto sucesso que até que poderiam se empolgar e fazer uma continuação sobre a banda que o Joy se tornou após a morte de Curtis: o New Order (que permanece na ativa e cultuado até os dias atuais com Bernard Sumner nos vocais).

Control (Reino unido/EUA/Japão/Austrália -2007) de Anton Corbijn com Sam Riley, Samantha Morton, Toby Kebbel, James Anthony Pearson, Joe Anderson, Ben Naylor e Craig Parkinson. ☻☻☻☻

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