quinta-feira, 2 de julho de 2015

Na Tela: O Cidadão do Ano

Stellan: bom elenco em roteiro oco. 

Até agora me pergunto o que foi que um bando de críticos enxergou de tão especial em O Cidadão do Ano. O filme de Hans Petter Moland entrou em cartaz no Brasil depois de receber vários elogios mundo afora - além de ter concorrido ao prêmio de Melhor Filme no Festival de Berlim no ano passado. Estrelado pelo sempre confiável Stellan Skarsgard o filme conta a história de um  homem pacato que vive nas gélidas montanhas da Noruega, ele ganha a vida retirando o gelo de estradas para que o trânsito seja possível naquela região. Seu nome é Nils Dickman e seu ofício é tão importante que acabou de receber o prêmio a que o título se refere. A vida de Nils muda radicalmente quando seu filho é encontrado morto, sob suspeita de overdose. Inconformado, Nils tenta buscar uma explicação para o que aconteceu, enquanto sua esposa torna-se cada vez mais distante e agressiva. Por conta própria, Nils começa a buscar os suspeitos da região e, com sede de vingança, o filme começa a aumentar sua pilha de cadáveres. Conforme recebe as informações que precisa, Nils elimina seus opositores atrás dos chefes da criminalidade na região. No meio do caminho, mafiosos, gangsteres e traficantes se misturam numa trama onde quem não mata, morre. Em alguns momentos o filme me fez lembrar de Fargo (1996) - que deve ser a maior obra-prima dos irmãos Coen - afinal, assim como o filme americano, o longa norueguês compartilha os cenários gélidos, os assassinatos a rodo e os toques de humor negro (o maior deles deve ser o, digamos, "obituário" que aparece na tela cada vez que um personagem morre pelo meio do caminho). Sinceramente, não há muito o que se dizer sobre o filme. Os atores são esforçados, ainda que o material de cada personagem seja apenas curioso em suas limitações, a fotografia é boa, a edição é eficiente, a trilha sonora é debochadamente irônica, mas o roteiro... não consegui ver toda a genialidade que anunciam num filme que começa a ficar previsível toda vez que um personagem encontra o outro em cena. O Cidadão do Ano me parece tão superestimado quanto extenso, uma versão gélida de outros filmes feitos há tempos, mas com a diferença da pompa do cinema europeu, que pode fazer um filme tão oco parecer genial.  O que mais me impressiona é que O Cidadão do Ano achou uma vaga nas mesmas salas de cinema que ainda não passaram Blue Ruin, um filme de vingança infinitamente mais interessante e que entrega muito mais com muito menos. 

O Cidadão do Ano (Kraftidioten/Noruega-Suécia/2014) de Hans Petter Moland com Stellan Skarsgaard, Peter Andersson, Bruno Ganz, David Sakurai e Jakob Oftebro. 

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