terça-feira, 15 de outubro de 2013

Combo: Meus Professores Favoritos

Professores costumam ser pau para toda obra no cinema, podem aparecer em histórias problemáticas (Half Nelson / 2006), egocêntricas (Eleição / 1999), edificantes (Meu Mestre Minha Vida /1989), transformadoras (Escritores da Liberdade /2006), filosóficas (Sociedade dos Poetas Mortos /1989), feministas (O Sorriso de Mona Lisa /2002), debochadas (Professora Sem Classe/2011), inspiradoras (Professor Holland /1995), manipuladoras (A Onda /2008),  ou simplesmente se tornar um marco para várias gerações (Ao Mestre com Carinho /1967). Lembrei de todos os citados quando pensei em fazer esse Combo pelo dia do professor, mas fui bastante sincero na escolha daqueles professores que eu gostaria de ter conhecido em minha trajetória. Alguns me lembram os meus favoritos quando eu era estudante, se equilibrando entre qualidades e defeitos eles garantiram seu lugar nessa lista:

5 Escola de Rock (2003) Dewey Finn é um músico que se tornou professor por acaso ao aceitar substituir um amigo. Dewey, na verdade, era vocalista de uma banda que achou que ele não ajudava muito no progresso comercial da banda. Rejeitado pelo grupo, acaba indo para uma escola e ensinando aos seus alunos como apreciar o som e a atitude rock'n roll! Apesar de ter que driblar o conservadorismo da escola, Finn anaboliza a criatividade e a autoestima de seus alunos sem ser chato. Além dos talentos infanto-juvenis, o filme conta com a atuação da vida de Jack Black na pele de Dewey (beneficiada pela direção mais deliciosamente pop que Richard Linklater já conseguiu). Essa lista seria bem sem graça sem a presença do roqueiro!

4 Verônica (2008) Sempre que assisto ao filme de Maurício Farias penso que a situação extrema vivida pela personagem de Andréa Beltrão é o que a maioria das autoridades gostaria que um professor fizesse. Trabalhando em contato diário com a dura realidade de comunidades abandonadas pelo Estado, Verônica está esgotada e decepcionada com a profissão. As condições de trabalho podiam ser melhores, suas condições de vida também, mas tudo isso parece pequeno quando percebe que um aluno é perseguido pelos bandidos que assassinaram seus pais. Diante de uma sociedade que coloca a escola como principal referência governamental da população, Verônica esfrega na cara do público que a atitude de sua protagonista está longe de ser a ideal, embora todos joguem para o professor o papel de único redentor da sociedade.

3 Garotos Incríveis (2000) Ser aluno do professor de literatura Grady Tripp (Michael Douglas, em seu melhor momento) deve ser uma experiência inesquecível. Afinal, o próprio Tripp era um jovem prodígio quando escreveu seu clássico romance A Filha do Incendiário. Desde então, ele tenta terminar seu novo livro, mas ganha o pão de cada dia ajudando jovens escritores a encontrarem a própria voz. Quando seu editor resolve visitá-lo, tudo acontece: é abandonado pela esposa, seu caso com a mulher do reitor fica exposto, tem problemas com um aluno (Tobey Maguire), é assediado por uma aluna (Katie Holmes), o carro roubado, seus vícios revelados... nesse ambiente caótico bem humorado, o diretor Curtis Hanson cria um personagem inesquecivelmente humano, que pode servir como metáfora para os professores que precisam deixar a vida de aluno para trás.


2 Billy Elliot (2000) Dificilmente o filho de carvoeiro vivido por Jamie Bell teria alguma chance contra os preconceitos se não contasse com as orientações de uma professora do quilate de Senhora Wilkinson (Julie Walters). Além de não ter medo de cara feia, Wilkinson sabe exatamente que para ter êxito é preciso um bocado de sangue, suor e lágrimas. O filme de Stephen Daldry  a relação desse aluno adorável com uma professora severa, que sabe como ensinar ao seu aluno que no mundo não existe lugar para moleza e que a severidade pode ser sinal de carinho, amor e atenção. Julie Walters está excepcional como a zelosa professora que percebe o sucesso de seu aluno como redenção de seus próprios fantasmas do passado (além de perpetuar o seu legado diante de um mundo desacreditado de sonhos e ideais).


1 Entre os Muros da Escola (2008) Nas bordas do século XXI, com escolas atendendo grupos múltiplos em suas identidades, o professor deixou de ser um mediador somente da relação entre alunos e conhecimento para se tornar, também, um mediador das relações humanas. As dificuldade em conciliar tantas diferenças aparece de forma vívida no cotidiano do professor François (François Bégaudeau, autor do livro que inspirou o filme), que precisa lecionar entre os conflitos que aparecem em sua escola. O cineasta Laurent Cantet consegue imprimir um tom assustadoramente realista durante o longa (com a ajuda de atores amadores numa desenvoltura de dar inveja há muitas produções) e impressiona pela sinceridade com que retrata esse pequeno universo afetado por toda a realidade que gira em torno dos seus personagens. Ganhador de onze prêmios internacionais (incluindo a Palma de Ouro em Cannes), indicado ao Oscar e Globo de Ouro o filme é um clássico contemporâneo.  

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