terça-feira, 11 de junho de 2013

DVD: We'll take Manhattan

Jean e Bailey: ditando tendências na marra. 

Penso que se We'll Take Manhattan fosse lançado nos cinemas seria um desses cults que podem até fazer bonito em algumas premiações (nem que seja pelo figurino). Produzido para a TV pela BBC, o filme é saboroso de se assistir, graças a linguagem deliciosamente pop impressa pelo  diretor John McCay. Soma-se a isso a química irresistível entre os atores principais, que vivem o fotógrafo David Bailey (Aneurin Barnard) e sua musa Jean Shrimpton (Karen Gillian) e o nascimento do estilo Swinging London. Ambientado no inverno de 1962, o filme retrata a feitura de um dos ensaios que causaram uma revolução na conceituada revista Vogue. Apesar de ambientar sua trama no mundo da moda, o filme está longe de ser deslumbrado sobre esse universo, revelando uma visão bastante crítica sobre um mundo que estava prestes a ser transformado. Conforme indica a introdução do filme, não havia uma cultura jovem fixada até então. Os Beatles e o rock ainda não haviam estourado e a moda era consumida por senhoras endinheiradas e elegantes. Desde a primeira cena vemos que Bailey é uma espécie de rebelde. Cansado das poses gélidas de modelos diante da câmera, ele  se demite de um grande estúdio para trabalhar por conta própria, imprimindo o seu olhar sobre um mundo que era mais pulsante do que o que aparecia nas capas de revista. É até engraçado quando um editor da Vogue o convida para fotografar e antes de aceitar ele pergunta ao jornaleiro se aquela publicação vende. O jornaleiro reponde: "É, rende um dinheirinho". Insatisfeito com o salário e relegado a uma salinha pequena da publicação Bailey parecia esperar  o momento certo de colaborar para uma mudança radical no mundo editorial. Como aliada ele escolhe uma jovem interiorana, de movimentos rudes e rosto sisudo, mas que diante das câmeras é capaz de retratar a energia jovem que estava prestes a explodir naquela geração. Nem ele entende muito bem como consegue convencer a posuda Vogue inglesa revista a levar aquela jovem desconhecida para um ensaio nas ruas de Manhattan. Apesar de David ser casado (o que aparece retratado somente com uma aliança, já que sua esposa nem aparece no filme) é quase inevitável que ele e Jean se tornem amantes. Talvez para não ressaltar os aspectos cinderelianos da história, o romance é mostrado de forma bastante natural e sem maiores polêmicas. O maior problema do casal é ter que lidar com a editora Lady Diana Vreeland (a divertidamente esnobe Frances Barber), enviada para coordenar o ensaio pelos pontos turísticos de Manhattan. Desde o primeiro dia podemos perceber o espírito jovial de Bailey constrastando com a pompa da editora - que ofende o casal várias vezes seguidas. A ideia de Bailey retratar a juventude real e não a ideal (pautada pelo que está posto pelos mais velhos) incomoda Lady Vreeland ao ponto dela beirar o surto. Ainda assim é muito divertido quando Lady dispara falas como "uma mulher de respeito não usa óculos escuros" ou quando Bailey fotografa sua musa através de uma tela de arame, ou emoldurada por faixas de protesto e até avisos sobre a sujeira dos cachorros. O mais interessante é como a história nos faz perceber a formatação do embrião da Vogue como a  que conhecemos hoje, provocativa, moderna e ditando tendências. We'll take Manhattan capricha nos figurinos e na reprodução do histórico ensaio de Bailey e Jean (que se tornaram ícones do mundo fashion) pelas ruas da Big Apple. Retratando o mundo a moda, o filme é uma atraente crônica de como o mundo dá voltas. 

We'll Take Manhattan (Inglaterra/2012) de John McCay com Aneurin Barnard, Karen Gillan, Frances Barber, Allan Corduner e Joseph May. ☻☻☻☻

2 comentários:

  1. Olá, você saberia me dizer onde encontro este dvd para comprar???? Obrigada.

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  2. hummm... ele é bem difícil de encontrar, acho que só importado. Por ser uma produção para TV britânica fica mais difícil ainda de encontrar.

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