sexta-feira, 20 de julho de 2012

DVD: O Homem que Mudou o Jogo

Pitt e Hill: mudando os paradigmas do baseball. 

Bennett Miller é um diretor com dois filmes de ficção no currículo - e os dois concorreram ao Oscar de Melhor Filme. O primeiro foi o mórbido Capote (2005) que premiou Phillip Seymour Hoffman o segundo é este O Homem que Mudou o Jogo, que dificilmente teria a projeção alcançada se não tivesse Brad Pitt no alto dos créditos. Pitt conseguiu uma cadeira entre os concorrentes ao Oscar de Melhor Ator deste ano e o motivo é que esta é uma das poucas vezes em que interpreta um sujeito comum em sua carreira. Talvez eu não tenha considerado o filme algo grandioso porque, como bom brasileiro, eu não manjo nada de beisebol - o pouco que sei sobre um dos esportes favoritos dos sobrinhos do Tio Sam foi assistindo aos desenhos do Snoopy (mas eu sei que um cachorro não joga beisebol). Talvez por conta dessa falta de familiaridade do resto do mundo com o esporte tratado no longa, Miller opta por um truque que pode ser visto como um tiro pela culatra: não mostrar os jogos. A desculpa para acompanharmos os jogos por cenas curtas, comentários por rádio ou TV é o fato do diretor geral do Oakland A's, Billy Beane (Pitt), não assistir aos jogos para não se envolver emocionalmente com os jogadores. Se você conseguir perceber que o baseball é só o pano de fundo para um filme sobre quebra de paradigmas, desconstrução de preconceitos, noções de economia e probabilidades você vai até achar o filme interessante. Se você não curte nada disso é melhor ver outra coisa. Beane tem que levantar um time que possui a menor verba da liga, para piorar mais ainda seu time ficou famoso por descobrir atletas promissores e depois perdê-los por contratos mais robustos. Colecionando derrotas e com rombos na escalação do time, Beane tenta negociar craques com os oponentes, mas acaba conhecendo o analista Peter Brand (Jonah Hill), um jovem economista formado em Yale (que analisa os jogadores por aspectos diferentes do marketing e salários milionários). Somando as características individuais dos jogadores em campo, Brand convence Beane de que é capaz de se construir um bom time com a ninharia que tem à disposição. Obviamente que todos os conselheiros do diretor, assim como o técnico rabugento Art (Phillip Seymour Hoffman)  e a imprensa fazem da estratégia da dupla a chacota da temporada. Mas com um jeitinho aqui e outro ali a coisa começa a funcionar. É interessante ver um olhar diferente sobre o esporte, ainda mais um olhar tão calculado quanto o matemático e aí reside a maior força do filme. Pitt e Hill conseguem realmente vender a ideia de seus personagens para o público, o problema é quando o filme se perde num conjunto de apetrechos que os prestigiados roteiristas Steven Zaillian e Aaron Sorkin espalham no texto para nada. Miller deveria ter percebido as sobras e as deixado na ilha de edição, afinal não tinha a mínima necessidade colocar as cenas de Beane novinho começando a carreira no baseball (feito por um ator que precisa de muita boa vontade da plateia para ser visto com um jovem Brad Pitt), assim como também não precisava colocar Robin Wright em apenas uma cena como ex-esposa num segmento mal trabalhado que serve só para que a filha de Beane cante aquela musiquinha no final. Não vou nem mencionar que o time é mal trabalhado na trama, sendo formado apenas por um amontoado de nomes sem que possamos nos identificar com aquele grupo de atletas renegados pela idade avançada, por uma cirurgia no braço ou pela vida boêmia (o que recebe um pouco mais de destaque é o Hatterberg de Chris Pratt que cumpre sua função a contento na história). No fim das contas o resultado é um filme que se assiste pela vontade de ver derrotados dando a volta por cima com uma base matemática, mas poderia ter um resultado melhor se o roteiro se concentrasse em suas intenções (aquela última partida é criminosamente subaproveitada) e não deixasse um monte de pontas soltas. Baseado na história real relatada no livro de Michael Lewis, O homem que mudou o jogo foi indicado a seis Oscars - e ainda que Pitt esteja num bom momento, quem surpreende mesmo é Jonah Hill num tipo bem diferente dos outros de sua carreira (e que mostra ser realmente um ator a ser levado a sério). 

O Homem Que Mudou o Jogo (Moneyball/EUA-2011) de Bennett Miller com Brad Pitt, Jonah Hill, Phillip Seymour Hoffman, Chris Pratt, Robin Wright e Chris Bishop. ☻☻☻

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