sábado, 14 de julho de 2012

Combo: Desenhos Para Gente Grande

Existem animações para todos os gostos! Muitas são feitas pensando nas crianças e os adultos acabam gostando, outras são feitas com temáticas mais adultas por cineastas que percebem a animação como apenas uma opção de se contar uma história. Talvez com a proximidade das férias e as sequências de animações hollywoodianas eu me lembrei de algumas produções que devem fazer a glória da plateia mais madura - mas isso não impede que alguma criança possa gostar delas. 

05 - Waking Life (2001) Não sou grande amdirador deste filme de Richard Linklater (se eu disser que meu filme favorito dele é Escola de Rock/2003 você vai saber exatamente o motivo), mas sei que ele tem fãs fervorosos - inclusive no meio acadêmico. Filmado com atores de verdade,  a película foi pintada antes de chegar aos cinemas seguindo um estilo chamado de "flash". O resultado é um tanto esquisito, mas cai como uma luva na proposta do diretor de enfileirar filosofices a partir da trama sobre um rapaz que não consegue acordar de um sonho e passa a perambular entre pessoas reais e de seu imaginário. Entre reflexões sobre os estados de consciência dos seres humanos e religiões o filme encontra espaço até para Celine e Jesse, o casal vivido por Julie Delpy e Ethan Hawke no clássico Antes do Amanhecer (1995) que foi retomado três anos depois pelo cineasta em Before Sunset (2004)

04 - Valsa com Bashir (2008) Esta animação deslumbrante do diretor Ari Folman tem alguns momentos que beiram o inacreditável. O que assustou muita gente é que se trata de um documentário sobre a Guerra do Líbano em 1982. Folman é um veterano desta guerra e o filme é uma tentativa de resgatar suas memórias sobre o ocorrido - especialmente sobre o massacre de Sabra e Shatila. Feito através de entrevistas com sobreviventes da guerra em questõa, o filme utiliza o formato animação para driblar o choque que muitas cenas poderiam causar -  mas é esperto o suficiente para saber que mesmo com tanta beleza visual, a realidade precisa aparecer num momento estratégico ao final da sessão. A coragem e originalidade do trabalho de Folman lhe rendeu vários prêmios (incluindo Melhor Filme do Ano pela Sociedade Nacional dos Críticos dos EUA e César de Filme Estrangeiro) e uma indicação ao Oscar de Filme Estrangeiro. 

03 - As Bicicletas de Belleville (2002) Esta deve ser uma das animações mais surreais de todos os tempos! Sylvain Chomet fez um dos filmes mais badalados do ano quando misturou a antológica corrida de bicicleta Tour de France, mafiosos, cantoras e uma avó em busca de seu neto sequestrado. Esta vozinha é a portuguesa Madame Souza que cuida do seu neto e desde pequeno o motivou a ser um verdadeiro atleta! Durante a Tour de France o rapaz é sequestrado e resta à Souza procurá-lo na cidade grande ao lado de seu cachorro gorducho. Chomet capricha nos traços estranhos de seus personagens (o neto ciclista que era gorducho da foto ao lado cresce e fica de pernas grossíssimas e corpo fino, os mafiosos de ternos retangulares, o bigode de Souza...) e esquisitices (a pesca de rãs e o genial número musical das cantoras de Belleville). Poucos diálogos e excelente trilha sonora ajudam a contar uma história meio nostálgica e original que tem como ápice o sonho canino mais elaborado de todos os tempos.

02 - Akira (1988) Faz tempo que não vejo Akira, mas sempre que faço qualquer lista sobre animações sou tentado a colocá-lo no topo. Lançado em 1988, o filme de Katsuhiro Ohtomo ainda é uma das animações mais impressionantes que já foram realizadas. Sei que as animações japonesas são vistas com desconfiança devido a alguns desenhos questionáveis que passam na TV, mas os grandes diretores de animação do Japão são famosos pela sua técnica apurada e, especialmente, o cuidado em construir fundos elaborados para suas tramas. Akira é um primor visual numa história digna dos melhores filmes de ficção científica. O tom apocalíptico da história de Kaneda que tem um amigo envolvido num projeto obscuro do governo chamado Akira. O filme mistura gangues de rua, militares, grupos anti-governamentais, cientistas inescrupulosos e ressalta Kaneda como um herói que tenta salvar o mundo do apocalipse. Obscuramente épico, o filme já nasceu clássico.  

01 - Persépolis (2007) Foi difícil escolher o primeiro lugar, mas acredito que esteja nas boas mãos de Marjane Satrapi. Persépolis é uma dessas obras obrigatórias, seja no formato do livro ou do filme que originou. Contando a história da própria Marjane, o filme é um verdadeiro deleite visual. O traço estilosamente simples em preto e branco (igual à HQ em que se baseia) só mostra que a história é poderosa o suficiente para não precisar de muitas firulas visuais. A trama começa pouco antes da Revolução Iraniana e mostra o impacto que um regime ditatorial causa na vida de pessoas comuns. Na adolescência Marjani vai estudar na Europa e o choque cultural é inevitável, assim como sua crise de identidade. Profundo, poético e belíssimo, nem jornais e revistas foram capazes de mostrar o cidadão iraniano com mais profundidade do que este filme assinado por Satrapi e Vincent Paranaud. Ganhou o prêmio do Júri em Cannes e foi merecidamente indicado aos maiores prêmios do cinema.

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