terça-feira, 1 de novembro de 2011

CATÁLOGO: THX 1138


Robert Duvall: problemas num futuro subterrâneo.

George Lucas é um dos cineastas mais conhecidos do mundo devido à saga Star Wars, mas antes de criar Darth Vader e Luke Skywalker o diretor teve em seu currículo outra ficção científica, só que com sucesso modesto e pouco visto até hoje. THX 1138 traz um mundo de referências que vão de 1984 de George Orwell passando por Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, mas cosegue construir uma personalidade própria - especialmente visual. A trama acompanha THX 1138 (Robert Duvall), o habitante de uma cidade futurística baseada no consumo de pílulas e no banimento das emoções. São os computadores que parecem ditar as regras (uma vez que eles estabelecem quem é compatível para tornar-se parceiro de quarto do outro) e andróides são responsáveis por zelar a ordem. Tal como em 1984, o protagonista se mete numa enrascada quando se envolve sexualmente com uma mulher, LUH 3417 (Maggie McOmie), o que faz com que ambos sejam considerados criminosos. Sendo preso e submetido a um tratamento com choques elétricos, THZ precisa ter consciência do que é correto. Não demora muito para que o protagonista arme um plano para fugir da prisão... devo admitir que considero a história bem simples, o problema é que o roteiro é um bocado confuso. Lucas não perde tempo com explicações e a edição também se mostra uma grande bagunça deixando várias pontas soltas e alguns personagens pelo meio do caminho. As ideias mais bem sacadas ficam por conta da prisão toda em fundo branco (como se os personagens estivessem num limbo) e as locações em construções que realmente conseguem passar uma imagem pessimista sobre um futuro onde todo o prazer é banido (inclusive saborear alimentos, já que não há nada de suculento em um bando de pílulas). Até hoje o filme é considerado difícil de ser apreciado e sua produção foi cheia de curiosidades. Francis Ford Coppola é o produtor do longa e não quis se meter no processo criativo de Lucas (que anabolizou o curta de sua própria autoria, Labirinto Eletrônico/1967. Os fãs ardorosos podem até enxergar as virtudes de George Lucas na direção, mas sua condução de atores não chega a impressionar (está certo que Duvall tem uma boa atuação, marcada pela contenção absoluta dos gestos e com olhar sempre melancólico). Lucas deixa claro que o melhor de seu talento estão nas ideias para construção de universos próprios, afinal impressiona a forma como insere o amor e a religiosidade na trama que gira em torno de um crime causado por amor. O final irônico, onde descobrimos que todo aquele universo era subterrâneo e a luz do sol não anuncia propriamente uma redenção, ajuda um bocado para compreender porque o filme se tornou um cult sem muito esforço com o passar de quatro décadas. Mais comentado do que assistido, o filme recebeu em 2004 uma versão do diretor em DVD e dizem que muita coisa passou a fazer mais sentido (reza a lenda que a Warner cortou cinco minutos do filme original antes que chegasse à tela).   

THX 1138 (EUA/1971) de George Lucas com Robert Duvall, Donald Pleasance, Maggie McOmie e Ian Wolfe.  

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