sábado, 23 de julho de 2011

DVD: Minha Versão do Amor

  
Giamatti e Pike: não é um filme de Julia Roberts.

Paul Giamatti é um dos atores mais versáteis de Hollywood, embora tenha no currículo algumas comédias idiotas, o cara gosta mesmo é de papéis sérios em produções independentes. Ele aprendeu este caminho modesto, mas de grande potencial com O Anti-Herói Americano (2003), voltou a ele em Sideways (2004) e ano passado mostrou que ali é mesmo seu território ano passado em Minha Versão do Amor. Se todos os três lhe renderam indicações ao Globo de Ouro de ator de comédia/musical, somente com este último ele levou o prêmio para casa. Giamatti interpreta, com sua habilidade habitual, o difícil produtor Barney Panofsky, um homem que não prima pela simpatia, mas que o ator interpreta com tanto gosto que é impossível não sentir algum carinho por ele. A vida de Barney não é fácil e sua vida matrimonial demonstra bem isso. Da primeira vez casou com uma riponga pouco confiável (a canastrona Rachelle Lefevre), recuperado do trauma investe no relacionamento com uma dondoca rica e chata (a sumida Minnie Driver) e, em plena festa de seu segundo casamento encontra o amor da sua vida, a adorável locutora Miriam (a ótima Rosamund Pike que concorreu ao Globo de Ouro de atriz). A partir dali, Barney quer demonstrar que é uma pessoa melhor, mesmo que para isso tenha que investir num inevitável caso de adultério – o que vai totalmente contra os princípios de sua amada. Talvez por essas desventuras amorosas, a distribuidora tupiniquim tenha forçado a barra mais uma vez (com esse título digno de Julia Roberts). O nome em inglês Barney’s version (A Versão de Barney) seria mais justa ao que vemos na tela - uma vez que por mais idiotas que sejam as ações de Barney, nós conseguimos compreendê-las por serem mostradas segundo o ponto de vista do personagem (tanto que na primeira vez que vemos Miriam, automaticamente nos apaixonamos por ela, assim como Panofsky). Além disso, a versão de Barney ainda abrange uma subtrama: a suspeita de que Barney tenha assassinado um amigo com problemas com drogas (Scott Speedman, que me surpreendeu pela forma como se despe de sua estampa de galã e vive um sujeito auto-destrutivo). Enquanto casa com Miriam e tem filhos, Barney tenta superar seus vícios (a bebida, os charutos, as traições) enquanto Giamatti lhe dá contornos cada vez mais tragicômicos. O diretor Richard J. Lewis faz um filme que se ampara principalmente em seus atores, já que a mordacidade do livro homônimo de Mordecai Richler perde muita substância por deixar de fora a narrativa em primeira pessoa (sem ela o filme pende cada vez mais para o trágico, perdendo muito de seu humor negro e ritmo). É visível como Lewis admira o trabalho de seus atores e os deixa confortáveis. Esse cuidado carinhoso com a escolha do elenco fica ainda mais evidente quando reconhecemos três diretores indies em pequenas participações (Denis Arcand como um mâitre, Atom Egoyan e David Cronenberg como colegas de trabalho de Bareny), além de Dustin Hoffman numa participação afetiva muito eficiente como pai de Barney (não por acaso, o filho de Giamatti é interpretado pelo filho de Dustin, Jake Hoffman). Mas entre erros e acertos, é a atuação de Giamatti que traz equilíbrio para o filme (o filme foi um fiasco nos EUA, o que lhe custou a merecida indicação ao Oscar) ao lado da doçura firme de Rosamund Pike.

Minha Versão do Amor (Barney's Version/Canadá - Itália / 2010) de Richard J. Lewis com Paul Giamatti, Rosamund Pike, Dustin Hoffman, Scott Speedman, Anna Hopkins, Jake Hoffman e Minnie Driver. ☻☻☻ 

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