terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

INDICADOS AO OSCAR 2011: DIRETOR

DARREN ARONOFSKY (Cisne Negro) Estreante nas indicações ao Oscar, Darren Aronofsky (na foto ao lado de Natalie Portman) merecia uma indicação desde o seu segundo filme, o assustador Réquiem para um Sonho (2000). O filme exigia estômago forte da platéia e talvez por isso a indicação quase veio em seu filme mais brando, O Lutador (2006). Mesmo assim Darren só foi lembrado na categoria diretor com o equilíbrio alcançado em Cisne Negro. Uma fábula de tom realista que utiliza muito da trama do Lago dos Cisnes. O sucesso mundial do filme demonstra que Darren finalmente conseguiu realizar um pesadelo que pode ser desvendado pelo grande público (mas que já deliciava seus fãs desde 1998 com a estréia de Pi), com as angústias de uma bailarina perfeccionista tentando sufocar seu incontrolável lado obscuro o diretor misturou realidade, loucura e fantasia.  A coisa deu tão certo que o diretor foi escalado para dirigir a nova aventura do mutante Wolverine.

DAVID FINCHER (A Rede Social) David Fincher recebeu sua primeira indicação ao Oscar em por O Curioso Caso de Benjamin Button (2008). O diretor é famoso pelo seu perfeccionismo exagerado ao ponto de inchar orçamentos e prolongar as filmagens ao limite do insuportável para seu elenco. Só para se ter uma ideia o diálogo inicial de A Rede Social foi repetida mais de oitenta vezes. O perfeccionismo de David (o grisalho da foto ao lado) está impresso em cada segundo de Social Network, desde os enquadramentos, passando pelas atuações e terminando nos efeitos especiais que nem são notados. Na sua jornada até o Oscar o diretor já levou para a casa inúmeros prêmios de associações de críticos e o Globo de Ouro. No entanto nesta alegoria de Fincher sobre as relações contemporâneas temos cada vez mais a impressão de que amadurecer como diretor significou se distanciar da ousadia impressa em obras como Se7en (1995), Clube da Luta (1999) e em sua carreira nos video clipes. Mesmo assim ainda é o favorito da categoria.

DAVID O. RUSSEL (O Vencedor) Filmes de boxe costumam ser todos iguais, mas Russel provou que se pode dar um toque mais pessoal a esse tipo de filme. Quem conhece o trabalho do diretor teria dificuldade em imaginá-lo a frente de uma obra dessas - basta conferir seus filmes anteriores como a comédia Procurando Encrenca (1996), Três Reis (1999) e Eu Amo Huckabees (2004) para perceber que O Vencedor é sua obra mais comportada. Russel acabou dirigindo o filme por acaso, já que o concorrente Darren Aronofsky era a primeira opção para o filme, mas acabou dirigindo outro filme sobre luta (O Lutador) e preferiu ficar só na produção deste aqui. A maior tarefa de Russel era não deixar a história real do boxeador Micky Ward e seus agregados problemáticos descambasse para o melodrama. As indicações para todo seu elenco principal para o Globo de Ouro - e quase todo ele ao Oscar (ficou de fora Mark Wahlberg que aparece na foto ao lado do diretor) - mostra que Russel é mais do que um diretor de estripulias narrativas. 

JOEL & ETHAN COEN (Bravura Indômita) Entre os indicados são os manos que mais possuem indicações e Oscars na estante. Ano passado eles estavam no páreo de roteiro original e melhor filme por Um Homem Sério (2009), mas antes já haviam ganho as estatuetas de roteiro adaptado, direção e filme por Onde Os Fracos não Tem Vez (2007) e de roteiro original pela obra-prima Fargo (1996). Joel & Ethan  (na foto com Jeff Bridges ao centro) se sairam muito bem na tarefa perigosa de dar nova vida a um clássico do faroeste e não perderam a mão no humor negro ou na agressividade que lhe são peculiares numa trama de vingança. Embora não sejam os favoritos, a indicação comprova que a dupla pioneira do cinema indie nos EUA estão com um fã clube cada vez maior na Academia - o que acaba se refletindo no apelo perante o público, já que Bravura Indômita é o maior sucesso de bilheteria da carreira dos caras.

TOM HOOPER (O Discurso do Rei) Totalmente desconhecido e praticamente estreante na direção de longas para o cinema, Hooper ganhava a vida dirigindo produções para a TV britânica e deu uma sorte danada quando Geofrey Rush o convidou para tocar este filme sobre o tratamento contra a gagueira a que se submenteu o rei George VI. Hooper (na foto, entre Rush e Colin Firth) faz um filme redondinho, daquele tipo em que a vitória seria certa no Oscar anos atrás, mas como os tempos mudaram ele tem uma tarefa difícil pela frente se quiser ser premiado entre a concorrência mais famosa e consagrada. No entanto, a sintonia com que Hooper conduz seu elenco multifacetado faz com que ele tenha grandes chances na disputa pelo careca dourado deste ano. 

O ESQUECIDO:
CHRISTOPHER NOLAN (A Origem) Chega a ser um crime deixar de indicar Nolan (na foto ao lado de Leonardo DiCaprio) ao Oscar deste ano - ainda mais depois do desprezo já recebido por sua direção em O Cavaleiro das Trevas (2008). Nolan criou o melhor filme de 2010, um espetáculo para os olhos e para o cérebro que costura referências e sonhos com uma energia invejável. Nolan demorou dez anos para escrever o roteiro original de A Origem e deve levar o Oscar da categoria para casa na intenção de diminuir o mico da Academia ao ignorar um dos cineastas mais inventivos em atividade. Antes desta indicação, Nolan já havia concorrido ao Oscar de roteiro adaptado ao lado do irmão Johnatan Nolan por Amnésia (2000). Afinal de contas, quais foram os doidos que imaginaram que o mais original dos dez indicados ao Oscar de melhor filme se fez sozinho?  

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