sábado, 29 de janeiro de 2011

CATÁLOGO: O Curioso Caso de Benjamin Button


Taraji e Brad: a vida de frente para trás.

Em 2008 David Fincher estava mais disposto do que nunca para levar o Oscar para a casa. O diretor havia tentado no ano anterior com Zodíaco, mas a Academia (apoiada pelo fracasso comercial do filme) ignorou solenemente a empreitada. Com O Curioso Caso de Benjamin Button as coisas pareciam ser diferentes. Bastou a primeira exibição do filme para a crítica se derreter em elogios pela adaptação Fincheana para o conto de Scott Fitzgerald sobre o homem que nasce velho e rejuvenesse indo de encontro ao seu inevitável fim. O roteiro de Eric Roth acrescenta muito à trama original, que era muito mais debochada do que melancólica como essa reflexão sobre a vida e a morte. Fincher escalou o amigo Brad Pitt (com quem trabalhou em seus melhores filmes, Se7en e Clube da Luta) para dar vida a Benjamin e caprichou em cada ponto da produção, escalando a sempre competente Cate Blanchett para ser a paixão do personagem e a ótima Taraji P. Henson para ser a mãe adotiva de Button. O roteiro não se preocupa em dar  justificativas para os absurdos da trama, ciente de que o mais correto era abraçar o tom de fantasia de seu argumento e evitar que tudo caisse no ridículo adotando uma direção solenemente clássica. Ao fim da Primeira Guerra Mundial, Benjamin nasce com uma doença rara onde apresenta todos os problemas de um idoso de oitenta anos, seu pai, assustado com o bebê e a morte de sua esposa no parto, acaba abandonando o herdeiro na porta de um azilo, onde Benjamin é adotado pela zelosa Queenie (Henson - indicada ao Oscar de coadjuvante) que ajudará o pequeno envelhecido a lidar com suas particularidades. Naquele lugar, Benjamin começa a lidar com a morte com naturalidade e ao mesmo tempo conhece seu grande amor, Daisy (vivida na infância por Elle Fanning e na vida adulta por Blanchett). Benjamin vive pequenas aventuras (conhece um pigmeu, prostitutas, o pai que o abandonou e um homem atingido sete vezes por um raio, trabalha num barco mequetrefe e luta na Segunda Guerra Mundial) enquanto tenta fazer o seu destino se encontrar com o de Daisy - e quando isso acontece as rugas deixam a estampa de Brad Pitt surgir para o foco de Fincher se revelar por inteiro: como ajustar seu tempo ao dos outros ou a si mesmo? Afinal, se Benjamin e Daisy se encontram no meio de suas vidas, o destino dele é rejuvenescer cada vez mais e o de sua amada é envelhecer... e os filhos? Fincher trata essa temática com fortes doses de melancolia e com a mesma frieza narrativa que apresentou em Zodíaco e no recente A Rede Social. Sei que muita gente aponta defeitos no filme (a semelhança da trama com outro roteiro de Roth - Forrest Gump - , a apelativa apropriação do furacão Katrina em Nova Orleans...), mas Benjamin Button  tem seus méritos, especialmente na forma como envolve a platéia nos dramas de seu protagonista - por isso era um dos fortes candidatos ao Oscar 2009 até que Danny Boyle surgiu com seu Quem quer ser um milionário? e Benjamin teve que se contentar com três estatuetas menos nobres (efeitos especiais, direção de arte e maquiagem).

O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button/EUA-2008) de David Fincher com Brad Pitt, Cate Blanchett, Jared Harris, Julia Ormond e Elle Fanning. ☻☻☻☻

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